As bolas de silicone coloridas não poderão ser usadas na decoração de ruas como Koeler e Roberto Silveira. / Roque Navarro
A Secretaria Municipal de Obras informou ontem que já deu início ao trabalho de retiradas das bolas coloridas que fazem parte do projeto Natal de Luz e que foram instaladas em árvores ao longo de ruas e avenidas sem a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por meio da assessoria de comunicação da Prefeitura, o secretário de Obras, Stênio Nery, explicou que o período chuvoso tem atrapalhado o processo de retirada, que obedece a uma determinação do Iphan. As bolas de silicone coloridas, com iluminação de LED, são parte do projeto de decoração de Natal, que custou R$ 1,4 milhão aos cofres do município.
De acordo com o Iphan, as bolas coloridas devem ser retiradas de árvores ao longo de ruas e avenidas, como Koeler e Roberto Silveira, por exemplo. As bolas iluminadas poderão ser mantidas somente nas praças.
O desrespeito a duas determinações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que a Prefeitura paralisasse imediatamente os serviços de instalação da decoração do Natal de Luz, até que o projeto receba as adequações indicadas e seja autorizado pelo órgão federal, levou a chefe do escritório técnico do Iphan em Petrópolis, Érika Machado, a acionar a superintendência do órgão, no Rio de Janeiro. “Estamos acionando as instâncias superiores do Iphan, para que possamos avaliar em conjunto que medidas serão adotadas”, afirmou a chefe do escritório técnico do Iphan em Petrópolis, Érika Machado.
Logo no início das instalações, as bolas coloridas chamaram atenção, principalmente pelo fato das mesmas serem colocadas em árvores que foram alvo da poda, que em alguns casos retirou toda a folhagem das árvores, deixando apenas os troncos expostos. Dentre os 22 pontos previstos para receber a iluminação do Natal de Luz (ruas, praças, pontes e edificações), apenas dois estão fora da área de atuação do Iphan. Por conta disso, o Instituto do Patrimônio deveria ter sido consultado sobre o projeto antes do início da instalação da decoração. De acordo com a legislação federal, nos casos de interferência em áreas tombadas é necessário que o projeta seja submetido a avaliação e receba a anuência do órgão federal.
O projeto foi encaminhado ao escritório do Iphan em Petrópolis somente após a primeira ordem de paralisação, no dia 3. Técnicos do órgão federal tiveram urgência em analisar a documentação e solicitaram que adequações sejam feitas, entre as quais a retirada de bolas de silicone coloridas com iluminação de LED. No documento, o Iphan reitera que até a aprovação do projeto todo os serviços devem se manter suspensos.
No laudo técnico encaminhado à Prefeitura, o Iphan explica que a coloração diversificada da iluminação, não só das bolas mas também dos troncos, copas e da ornamentação – vermelho, laranja, amarelo, rosa, azul, verde e branco –, conforme as fotos apresentadas ao Iphan no projeto original – desvaloriza todo o conjunto tombado pelo Iphan. “A iluminação colorida e intensa apenas nas árvores promove desequilíbrio e desarmonia na paisagem tombada. Os imóveis e demais elementos do conjunto tornam-se um pano de fundo pouco legível frente à iluminação em demasia”, explica Érika Machado.
A diretora do Iphan frisou no laudo que o conjunto tombado deve ser entendido como um todo e que qualquer intervenção, ainda que temporária, deve valorizar a patrimônio cultural edificado, já que este garante a boa qualidade do espaço urbano e dá vocação turística ao município.
“Entendemos que a iluminação, conforme nos foi apresentada em fotos, é ostensiva, enfatizando a poda drástica realizada nos exemplares da vegetação de médio e grande porte existentes ao longo das vias públicas. A ornamentação em bolas iluminadas é desproporcional ao porte das referidas árvores, principalmente por se encontrarem, em sua maioria, quase sem volume em suas copas. A configuração da decoração é modificada em inúmeros pontos do Centro Histórico e adjacências – ora apenas nos troncos e galhos, ora apenas nas copas –, causando uma interferência visual sem unidade na área de interesse do Iphan. Desta forma, concluímos que não houve critérios para a iluminação e decoração apresentada”, enfatiza a diretora da unidade.
Fonte: Tribuna de Petrópolis