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  LONGA JORNADA IMPEACHMENT ADENTRO

Data: 01/09/2016

 

Denilson Cardoso de Araújo
 
A lenta e dolorosa agonia do impeachment foi artificial. Pré-moldado roteiro para que tudo parecesse via-crúcis de uma injustiçada. Decisão do Ministro Barroso do STF deu no rito de múltiplas votações, fazendo insuportável a novela de procrastinado desfecho. Ao fim das contas, Dilma, ainda bradando contra o “golpe”, terá merecido mais de dez votações, todas na direção do “Já deu, chega”. É o bastante, não?
 
Mas o PT, refém da “presidenta” por quem jamais teve verdadeiros afetos, gravemente ferido pelos desastrosos resultados da vândala escolha do Lula - a quem permitiu ser não líder, mas cacique coroador de postes - para justificar a conivência com o erro, teve que travestir o erro em acerto. Fez de conta ser Dilma heroína, mártir, algo maior do que é. E o país torturado até à náusea pela tática da hipnose: a mentira repetida até se fingir verdade. Tática Duda Mendonça, publicitário do Mensalão, chamado ao Planalto para orientar o esticar da agonia: -Abusem do jus sperniandi, cuspam nos acusadores e papagueiem o “golpe” ao Universo! Desavisados caíram na história que se serviu, basicamente, de dois grupos. Petistas ingênuos, necessários como massa de resistência, e desinformados estrangeiros que tinham levado a sério ser Lula “o cara”, como Obama casualmente o nomeou num encontro.
 
Somaram nesse mantra da hipnose petistas nada ingênuos, mas rancorosos de o PT ser flagrado de calças na mão e dólares na cueca justo por adversários dentre os quais figuram nudistas de notória imoralidade pública. Restou-lhes o discurso do “golpe”. Como assim, “perder” para Eduardo Cunha? Como assim, dar braço a torcer ao PSDB? Como assim, entregar a coroa ao PMDB? Então saíram a acusar “golpistas”, parecido a quando os crimes de Stalin foram denunciados e comunistas hidrófobos espumaram contra todos. Artilharia do desespero, de quem sabe que vai morrer mas quer levar junto um naco do batalhão inimigo. Gleise Hoffman, do marido fraudador de aposentados, bradando a falta de moral do Senado, chega a ser risível. Algo como se Beira-Mar acusasse o Judiciário brasileiro de não ter moral para julgá-lo. Senado e Judiciário têm mazelas sim, mas daí a... Bom. Vocês entenderam.
 
O país chegou emocionalmente aos cacos à reta final. A Olimpíada desanuviou o ambiente, mas em todas as rodas há desconforto, um cansaço raivoso de tudo isso. Mas, ufa! Página virada. Haverá vândalos arrastando adolescentes a queimar pneus em cruzamentos, achando que educam a “revolução”. Haverá protestos. Temer não é o presidente dos sonhos de ninguém e, provavelmente, merecerá a maior parte dos protestos lúcidos (não os do vandalismo histérico) que virão. Mas à esquerda, em campanhas eleitorais difíceis neste ano, em que a estrela vermelha se esconde, está dada a oportunidade de livrar-se do entulho stalinista que o PT se tornou. Serão cobrados a citar Dilma. Porque a maluquice de Renan Calheiros na tal segunda votação fez dela um Walking Dead político. Que resistam a isso.
 
O naufrágio petista é a chance para uma esquerda sem caciques e postes. Reconstrução dolorosa e necessária. Para tanto, é essencial a humildade. E a coragem de não mais carregar fardos como o Lula do Mensalão, a Dilma do Petrolão e a direção de tantos presidentes e tesoureiros presos. Há gente honesta no PT. Que não mais sejam reféns do projeto falido. Torço por elas. Pois o Brasil tanto precisa de um Temer-Itamar quanto de um PT digno.

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