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  Concer retira bancas que funcionavam havia décadas nas margens da BR-040

Data: 12/10/2019

 

Concer retira bancas que funcionavam havia décadas nas margens da BR-040

As casas construídas nos limites da faixa de domínio da BR-040 não são os únicos alvos de processos de demolição. As modestas bancas de moradores da região, que vendiam aipim, água de coco, flores e peças de artesanato que produzem, também estão sendo retirados por funcionários da Concer. Até mesmo um casal de idosos, que viveu praticamente a vida inteira do comércio de alimentos que produzia ficou sem o seu ganha pão. Há quem insista, como Solange Almeida, de 50 anos: improvisou uma barraca e voltou a vender flores na descida da serra.

JANAINA DO CARMO - Redação Tribuna de Petrópolis

 

 

Pelo menos quatro barracas que comercializam frutas, água de coco, tapetes e flores, localizadas ao longo da BR-040 foram demolidas este ano pela Concer – concessionária que administra a rodovia. A última a ir para o chão foi da dona Irene da Silva, que perdeu o local de trabalho na quinta-feira. A barraca funcionava na pista de subida da serra, na altura do km 99, há pelo menos 40 anos.

No local, dona Irene e o marido vendiam bananas e água de coco. “Eles são um casal de idosos e foi difícil demais ver tudo sendo jogado no chão”, disse outra vendedora, Ivonete da Silva dos Santos, de 40 anos, que tem uma barraca na altura do km 98. “A minha ainda está de pé, mas não sei por quanto tempo. Já retiraram umas quatro e agora todos estão com medo”, comentou.

Na pista de descida, a barraca de Solange Pereira de Almeida, de 50 anos, também foi demolida pela Concer há cerca de dois meses. Desde então, ela monta com lona e pedaços de madeira o espaço para continuar vendendo as flores. “Foi aqui na rodovia que muita gente criou os filhos. Com tanta coisa para se preocuparem vem aqui e destroem o pouco que temos para o sustento. Isso é não é justo”, lamentou Solange.

Ela contou que depois da demolição da barraca de madeira, todos os dias ela monta de forma improvisada o espaço para continuar vendendo as mercadorias. A barraca pertence a mãe dela há 15 anos e foi com a venda das flores que a família se sustentou. “Minha mãe está doente e agora eu cuido daqui. Não existe emprego para todo mundo, temos que nos virar”, ressaltou Solange.

Em nota, a Concer informou que é mera executora de ordem judicial, relativa a bem pertencente à União e que “apesar de não responsável direta pela medida nem pelos desdobramento da mesma, contribui, no âmbito de seu escopo contratual, com os órgãos que têm atribuição legal e específica para cuidar desses cidadãos de forma humanizada, zelando também pela segurança de todos”.

Além das barracas, a Concer também cumpriu este ano uma ação de demolição de uma moradia erguida ao longo da rodovia. Uma casa foi demolida no km 75 da BR-040, na altura da Fazenda Inglesa, e outras 12 estavam com ordens de demolição, mas a Prefeitura conseguiu na justiça, liminares impedindo as ações por 60 dias.

 



 

 

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