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  Acesso a Petrópolis pelo bairro Duarte da Silveira é questionado

Data: 08/08/2014

 

 

Acesso a Petrópolis pelo bairro Duarte da Silveira é questionado
 
Diário de Petrópolis, Sexta-feira, 08 de agosto de 2014
 
 

Anna Paula Di Cicco

 

Dentre as diversas questões que colocam em pauta a funcionalidade da Nova Subida da Serra, está o novo acesso a Petrópolis pelo Duarte da Silveira. De acordo com o projeto da Concer, concessionária que administra a rodovia, o túnel de quase cinco quilômetros de extensão deve desembocar no bairro, mais especificamente na Rua Luiz Winter. O bairro abriga hoje mais de 350 famílias, que temem pela desapropriação do local. Isso porque, de acordo com observações preliminares, seria necessária a duplicação de pista, também no bairro, para suportar o nível de veículos que chegam à cidade.  

Em nossa última visita ao bairro, ocorrida em junho, os moradores da Rua Luiz Winter diziam estar “como um barco à deriva”, uma vez que o destino deles ainda é incerto. Muitos acreditam que a desapropriação pode ser evitada, mas outros já começam a pensar em outras possibilidades.

- Como a rua vai suportar o fluxo de carros que entram diariamente na cidade se não duplicar a pista também? E como vão duplicar a pista aqui se não desapropriar as casas? Só nos resta ser comunicados para saber o que vamos fazer. Ainda não sabemos se será venda assistida ou como deveremos proceder. Fica difícil, pois moramos aqui há anos e refazer a vida em outro lugar nem sempre é tão fácil, diz um morador que não quis se identificar.

Já Dona Déia, como é conhecida Andréa da Rocha, disse na ocasião que um dos grandes problemas enfrentados é a deterioração do local. Ela afirmou que tira pó de seus móveis diariamente, mas que logo em seguida, a poeira acumula novamente. Outra dificuldade que ela encontra é quanto à falta água.

- Estamos acostumados a subir um trecho aqui perto para buscar água nos barris, que é o que temos que fazer quando o bairro fica sem água. Mas agora fizeram uma barragem lá e não temos como ter o mesmo acesso de antes. O que acontece agora é que por onde chegamos aos barris, passamos por uma área que transformou-se em um rio. Da última vez fiquei com água até o joelho. Uma outra pessoa caiu lá e ficou com água no queixo, ressalta Dona Déia.

Segundo ela, que já mora há mais de 30 anos no local, um técnico de segurança da obra foi acionado e se comprometeu com a moradora a colocar um tubo para drenar a água, fazendo com que não houvesse mais acúmulos no local. No entanto, ela diz que não sabe quando isso será feito.

 

Moradores fazem manifestações

 

Na tarde do último dia 30, a Associação de Moradores do Duarte da Silveira chegou a fazer uma manifestação na Praça da Liberdade. O movimento foi planejado a fim de reivindicar quanto às ameaças de despejos e remoção de todo o bairro. Durante a manifestação, os moradores criticaram a Ação Civil Pública, promovida pelo Ministério Público federal (MPF) ao Instituto Chico Mendes de Preservação, requerendo a área que é ocupada por gerações, há mais de 100 anos, mas que ocupam o espaço da Reserva Biológica do Tinguá (REBio).

O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis afirmou que acompanha as lutas da comunidade Duarte da Silveira e contribui para a mobilização e defesa dessas famílias que correm o risco de perderem as próprias casas.

De acordo com Bernardo Rossi, que preside a Comissão Especial que tem fiscalizado as obras da Concer, o assunto está sendo tratado constantemente pelo grupo, que fez visitas ao bairro.

- Eu já estive várias vezes com os moradores. A falta de informação para com eles é desrespeitosa e a falta de estudos de impacto urbano em ambos os bairros, Bingen (que receberá o fluxo de veículos) e Quitandinha (que deixará de recebêlo), é também assunto tratado pela Comissão. Queremos a obra, ela é fundamental para a cidade. Mas precisamos de segurança em sua execução e de bom funcionamento para todos.

 

Prefeitura elabora regularização fundiária 

 

A Prefeitura conseguiu, na Justiça, prazo de 60 dias para elaborar um estudo prevendo a possibilidade de regularização fundiária das 350 famílias que vivem, hoje, na comunidade São João Batista, no Duarte da Silveira. O pedido, feito pelo Procurador do Município, Marcus São Thiago, foi acatado pela juíza federal Simone Bretas no último dia 31, durante audiência realizada na sede da Justiça Federal em Petrópolis. Para Marcus, a decisão protege os moradores, garantindo-lhes dignidade e direito ao espaço ocupado pelas famílias.

 

Outras questões do túnel

 

Com os antigos acessos do Bingen e do Quitandinha continuando em atividade, muitas das 16 mil pessoas que acessam Petrópolis diariamente, dizem que não pretendem utilizar a nova entrada. A afirmação de que a empresa de ônibus Única-Fácil não irá trafegar pelo túnel, fez com que diversos outros motoristas também questionassem a segurança da construção. O Diário já havia publicado, em maio deste ano, a posição do engenheiro da empresa, Luiz Vinhaes. Na ocasião, Luiz disse ter optado por esse posicionamento por causa do aumento do trajeto em seis quilômetros e também por uma questão de segurança. A declaração dele foi dada após o Ministério Público Federal em Petrópolis mover uma ação civil pública apontando irregularidades no projeto e falta de uma Auditoria de Segurança Viária, garantindo que a obra atenda os requisitos básicos de segurança.

- Vamos subir pela pista nova até o Belvedere. Dali em diante vamos utilizar a Estrada Parque até a Casa do Alemão para não ter problema algum. Não posso colocar em risco os passageiros, que teriam que enfrentar cinco quilômetros fechados com grandes veículos, alguns transportando produtos tóxicos e combustíveis. Se isso for alterado, iremos rever nossa posição. Além disso, essa economia de tempo que eles (Concer) estão divulgando não é verdade porque o túnel sai no Lixão. O petropolitano que mora no Quitandinha ou no Centro não terão benefício nenhum. Aliás, somente quem mora na região de Itaipava é que será beneficiado, disse na época Luiz Vinhaes.

 




 

 

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