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  RESPOSTA LÓGICA - Philippe Guédon *

Data: 16/02/2018

 

RESPOSTA LÓGICA

Philippe Guédon *

 

            Na situação momesca geral que aflige o país de norte a sul e de leste a oeste, alguns Estados conseguem se destacar, quer sem culpa no cartório como é o caso de Roraima, quer por colapso interno de ordem ética, administrativa, financeira e nos mais diversos campo de sua responsabilidade.

            Roraima, coitada, sofre da incúria federal que leva meses e anos para constatar uma evidência, mais algum tempo a se perguntar o que pegaria bem junto à opinião pública fazer e, finalmente, decidir efetuar viagens de constatação in loco da realidade apregoada por toda a imprensa. Aí, as mais altas autoridades prometem medidas tais como um censo ou, mais arrojada ainda, a eventual distribuição dos venezuelanos obrigados a emigrar de sua terra natal por um louco até há pouco aplaudido em Brasília, por outros Estados da Federação. Um jovem secundarista já teria chegado à esta conclusão em fração do tempo exigido pela Presidência, que precisou ir à Restinga de Marambaia para ver a luz.

            O Rio de Janeiro sofre com Governos estaduais calamitosos e com uma Prefeitura Municipal de vocação universal: o mundo é pequeno para a sua sofreguidão por conhecimentos sobre qualquer coisa que não seja batente.

            A violência descontrolada marca a atual geração de cariocas e fluminenses; não há como “incluir o Governo Federal fora dessa”, pois as fronteiras estão sob o seu controle, a fiscalização dos portos, aeroportos e estradas federais também; e por aí transitam toneladas de drogas e as mais potentes armas de guerra que vêm parar nas mãos das facções, batalhões organizados e armados para o mal.

            Tive ocasião, numerosas décadas passadas, de viver situação semelhante alhures. Permito-me duas sugestões inspiradas naquela época: o fechamento das fronteiras, nos seus segmentos reconhecidos como mais perigosos, de modo que quem por lá trafegue seja identificado e tenha a sua passagem autorizada ou bloqueada. Vi fazer isto com arame farpado, radares, latas de conserva vazias, artilharia, aviação de reconhecimento, tropas espalhadas do modo mais racional, outras em estado de intervenção rápida onde fossem demandadas. Funcionou de modo exemplar, apesar da escassez de meios e recursos.

            Por outro lado, não entendo que se constate a cada dia que meliantes adquiriram, exibem, portem e usem armas automáticas tipo Kalashnikov ou AR-15, reconhecidas como eficientes armas de guerra, sem reação à altura. Ou coquetéis Molotov, granadas caseiras ou de uso militar... Qual a resposta? Bravos PMS e policiais civis que lhes dão combate sem sequer usarem capacetes, com coletes de aspecto velho e que costumam deixar parte da barriga exposta, armados com um leque de fuzis e pistolas pouco recomendável.

            Parece questão de simples bom-senso que qualquer pessoa envolvida com compra, tráfico, transporte, porte e uso de armas de guerra seja tratada como faz por merecer, seja como inimigo em tempo de guerra, sujeita à resposta à altura. Ouvir e ver rajadas de AK-47 e AR-15 e fazer parte de uma equipe enviada para reprimir tais ilegalidades carregando uma brava pistola Taurus é, ao meu juízo de velho observador, um ato irracional.

            O que propõem os parlamentares e os membros do Judiciário? Até onde os cidadãos de bem – pois ainda os há – terão que refugiar-se nos cômodos mais afastados das janelas em suas casas, por não serem autoridades? Como se justifica que um bandido tenha mais regalias e proteção legal do que uma família de trabalhadores? E vamos cuidar do pleito de outubro numa boa, aplaudindo tantos políticos que deixaram o país ao léu?

            Façamos com que o envolvimento ilegal com armas de guerra seja um crime punido com penas pesadas e distintas; e deixemos de lado a hipocrisia de chorar os mortos diários de uma batalha consentida entre Golias muitos e Davis apavorados; até o MMA de socos no rosto de um contendor caído é mais aceitável do que o combate entre bandidagem armada e polícia sem meios. Deputados e Senadores poderiam ser convidados a enfrentar quadrilhas com os coletes e as armas da PM no Rio; seria viagem mais útil que o passeio do prefeito a fugir dos problemas que não ousa enfrentar.

 

 

* Coordenador da Frente Pró-Petrópolis - FPP




 

 

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