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  “Uma mulher desagradável”

Data: 08/10/2016

 

Por José Paulo Cavalcanti Filho - advogado

Calma, leitor amigo. Como dizia Chopin, “não me compreenda tão depressa”. Já dava para suspeitar que se trata de Dilma. Só que a frase do título não é minha. Tanto que está entre aspas. É do ex-primeiro ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho. E está no novo livro de José António Saraiva, Eu e os Políticos – lançado no último fim de semana, em Portugal, e já esgotado.  Saraiva, por quase 30 anos diretor do mais importante semanário de Lisboa, o Expresso, aproveitou as intimidades com políticos importantes da terrinha para entregar amantes, desafetos e indiscrições. Sonho com algo assim no Brasil de hoje. Iria ser divertido.

Ao ver esse livro nas montras, lembrei curiosa historinha que se conta no interior de Pernambuco. Dando-se que um poeta popular escreveu cordel com título Os Canalhas de Gravata. E não vendeu nada. Foi quando um espertinho comprou toda a edição e pôs, com caneta, um acento no último “a”. Passou a ser Os Canalhas de Gravatá. E vendeu tudo. Rápido. Na feira de Gravatá, claro. Afinal, todos temos curiosidade em saber os podres dos outros. Sobretudo políticos. É algo universal.

Voltando ao livro de Saraiva, no capítulo dedicado a Passos Coelho, consta que, para ele, Dilma seria “Uma mulher presunçosa, arrogante, desagradável, roçando a má educação”. Após o que refere gafes que cometeu por lá. Como a que se deu na reunião ibero-americana de Cádis, em novembro de 2012. Quando Dilma passou horas conversando com o presidente de Portugal, Cavaco Silva, em espanhol (!!!). Comenta Passos Coelho: “Como se não soubesse quem ele era. Cavaco estava estupefato, sem saber o que fazer: Dilma era presidente do Brasil há dois anos e não o conhecia?”.

Noutra passagem, Dilma comunicou que visitaria oficialmente o país em 10 de junho (de 2013). E não, como seria de esperar, para se juntar às comemorações do Dia de Portugal. Qualquer diplomata em princípio de carreira sabe que qualquer outro dia, em função das festas, seria melhor que aquele. É como se alguma autoridade estrangeira quisesse reunir-se, com o presidente do Brasil, em 7 de setembro. Na hora do desfile. Um vexame. Tiveram que arrumar, de última hora, helicópteros para recebe-la. Passos Coelho diz, em tom de galhofa: “Inventamos uma cimeira que não existiu, pois ela não vinha preparada para isso”.

Fosse pouco, assim que saiu do avião, Dilma decidiu reunir-se com membros do PS. Partido que fazia dura oposição ao governo. O que equivaleria, por aqui, a visitar Lula, ou Rui Falcão, antes de reunir-se com Temer. O governo luso ficou arreliadíssimo. Enquanto Dilma, nem aí. E aproveitou para degustar, logo depois, um bom bacalhau no restaurante Eleven. Feliz. Também, amigo leitor, tendo Marco Aurélio Garcia (“Top-Top”) como assessor diplomático, ia querer o quê?...

Eleições. Campeões de originalidade, nessas eleições, foram dois candidatos a vereador. Um anão, cujo lema era “Dos males o menor”. E um cidadão, Antônio Carlos Alves – que, na Justiça Eleitoral, registrou-se como Ninguém. Seu slogan era: “Ninguém merece seu voto”. Verdade pura. Ninguém mesmo. Sobretudo Ninguém.

O Globo




 

 

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