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  A ELEIÇÃO QUE JESUS PERDEU

Data: 21/09/2014

A ELEIÇÃO QUE JESUS PERDEU

 

De um lado Barrabás. Do outro Jesus de Nazaré. Entre os dois o procurador romano na Palestina, Pôncio Pilatos, representando o sistema político-militar vigente na região. De Jesus muito se sabe – do ponto de vista histórico. Já do seu legado espiritual pouco se tira proveito. A respeito de Barrabás pouco ou quase nada é sabido. Uma nesga da história narra Barrabás como um criminoso, culpado de sedição e homicídio, que merecia morrer por crucificação segundo a lei romana. Outros historiadores tentam colocar uma neblina de charme à sua biografia, taxando-o de terrorista que promovera algumas ações na tentativa de derrubar o governo romano na Palestina. De uma forma ou de outra alguém que vivia ao arrepio da lei. Merecedor, portanto, de julgamento e condenação, o que de fato ocorrera já que Barrabás estava na prisão tão somente à espera da hora de ser crucificado.

 

Do ponto de vista eleitoral o cenário estava completo. Num patamar superior – lembrando os palanques de campanha dos dias de hoje – os dois candidatos. Junto a eles o TRE daquele tempo, representado na pessoa de sua excelência Pôncio Pilatos. O período de campanha, embora curto, fora muito bem trabalhado por um dos contendores e seus correligionários. O outro candidato não teve o direito de falar nada, embora anteriormente já tivesse feito inúmeros discursos sobre o seu programa de governo, àquela hora totalmente esquecido. Pelo marketing empregado, havia uma nítida vantagem para Barrabás sobre Jesus de Nazaré. Os cabos eleitorais do bandido doutrinavam o povo sob intenso frenesi. Havia pressa, uma vez que não era desejo da elite religiosa permitir que o eleitorado viesse a raciocinar. Barrabás tinha que ganhar – mesmo que condenáveis os métodos utilizados.

 

Esse paralelismo em torno dos fatos reais da condenação de Jesus serve para demonstrar como são irracionais, em certas ocasiões, as escolhas que fazemos em nossas vidas. Em sã consciência ninguém deixaria de votar em Jesus para sufragar o nome de Barrabás. Mas todos sabem o desfecho ocorrido naquele tempo. Por leviandade, emocionalismo e superficialismo gritante, cometeu-se uma das maiores injustiças já praticadas pela humanidade, fruto de um processo eleitoral cheio de vício e de técnicas deturpadas de persuasão coletiva. Embora não tendo a carga dramática da escolha que condenou Jesus à morte, o processo político vivido pelo Brasil atualmente tem uma importância crucial para a vida de milhares e milhares de pessoas. E da mesma forma que naquele tempo, processos cavilosos de comunicação e persuasão tentarão vender gato por lebre, fantasia por realidade.

 

O direito de exercer o voto é algo realmente extraordinário. Através dele ciclos inteiros na vida da humanidade foram alterados. Pela força do voto – não somente o voto do ponto de vista eleitoral, mas todo processo de escolha que envolva um posicionamento, uma alternativa – o que era deixou de ser e o que não era passou a existir. Falo do voto muito além do contexto político. Das tomadas de decisão que temos de adotar diariamente, de pessoas que temos de escolher como companheiros, parceiros, sócios. Dos processos que tomamos parte e que envolvem outras vidas. As chefias nas empresas, o comando nos quartéis, a liderança que exercemos na vizinhança, na comunidade, no seio da família..... Em todo momento há a necessidade de votar, de escolher, de se direcionar. E todo processo de escolha deve ser visto e tratado com responsabilidade e equilíbrio, visando o bem comum.

 

 

E Jesus? Ah, a Ele nós traímos diariamente. Há uma tendência generalizada de condenar as pessoas que condenaram Jesus. Assistindo aos relatos da Paixão de Cristo as pessoas choram, se emocionam – e julgam quem levou Jesus à cruz. Acontece que a todo instante um processo de escolha se estabelece diante de nós. Entre o que Ele nos ensinou e o que nosso querer determina. E agora, qual o procedimento a ser adotado? Viver a Palavra que Jesus Cristo nos deixou é o caminho a ser seguido. Perdoar, amar ao próximo, não corromper nem ser corrompido, defender o direito dos mais fracos, dos mais humildes. Mas, será que é assim? Ao agir diferente do Seu legado estamos ou não traindo-O como os escribas e fariseus fizeram naquele tempo? O período eleitoral de agora é também uma oportunidade de praticarmos o bem comum levando a sério o processo de escolha. Você confirma?


Públio José – jornalista

(publiojose@gmail.com)

 




 

 

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