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  Mitos sobre as privatizações em que você provavelmente acredita

Data: 17/06/2014

 

 

Mitos sobre as privatizações em que você provavelmente acredita

 

Guilherme Dalla Costa 
 
Diário de Petrópolis, Terça-feira, 17 de junho de 2014
 

As privatizações no Brasil, assim como em qualquer outro lugar, são envolvidas de debates acalorados e ideológicos, onde um lado é acusado de entreguista, de entregar o patrimônio nacional, enquanto o outro possui, em geral, o monopólio da virtude. A questão, não é preciso dizer, é mais complexa do que isso. A intenção desse texto é apontar cinco pontos que mais geram discussão: a venda do patrimônio nacional, as estatais serem vendidas “a preço de banana”, as privatizações gerarem desemprego, elas prejudicarem o consumidor e, digno de um item a parte, o “roubo” do nióbio.

 

“Estão vendendo o que é nosso”

 

Quando alguém afirma que “o petróleo é nosso”, você deveria perguntar: e aonde está a minha gasolina de graça? A Petrobras, o “orgulho nacional”, não pode ser vendida – os recursos naturais são nossos! A coisa, é claro, não funciona assim. Primeiro, os recursos naturais pertencem ao governo, e quem aqui afirmar que o governo, com toda a corrupção, impopularidade e oposição, é nosso só pode estar delirante. Além do mais, se traçarmos a história das estatais brasileiras até sua criação, veremos que foram criadas, predominantemente, por ditaduras, senão ex-ditadores – é o caso da Petrobras, Vale, Telebras, COBRA, CSN e tantas outras. Se as estatais são do povo, por que elas foram criadas por gente que sequer foi escolhida por ele? É digno de risos dizer que o Estado represente o bem comum e defende nossos interesses, quem dirá suas crias!

 

Aceitemos então, leitor, que as estatais em si não nos pertencem. E quanto aos recursos que elas exploram? O ouro, o ferro, o petróleo, o nióbio estão em território nacional e portanto, nos pertencem, só precisando ser extraídos. A verdade é que todos esses recursos são tão nossos quanto o ouro de Minas Gerais era português. Apesar de eles existirem por si só e terem um preço no mercado internacional, eles não valem nada debaixo da terra, e que utilidade há em ter um subsolo rico e um “sobresolo” pobre?

 

Entenda que a riqueza se dá em duas partes: o trabalho e o comércio. O trabalho é responsável pela extração do que antes não valia nada por estar debaixo do solo, e o comércio – a venda – nos dá uma compensação pelo que extraímos. Ter recursos naturais e não explorar é como ter um talento e não trabalhar: você pode ser o melhor músico do mundo, mas se não trabalhar para explorar esse talento e vendê-lo com shows, CDs e o que for, ele não vale absolutamente nada.

 

Qual o saldo final desse roubo? A Vale do Rio Doce pagou em impostos, em 2005, 2 bilhões de reais – três vezes o lucro dela quando estatal. Em 2011 foram 10 bilhões, além de 5,5 bilhões em salários e, com o aumento da produção, um fluxo de dólares para dentro do país. A empresa também investe sozinha 28 bilhões de reais, contra menos de 1 bilhão quando estatal. A CSN paga mais de um bilhão por ano. Se alguém “roubou nossas riquezas”, esse alguém foi o governo, ao escondê-las por tanto tempo.


Acadêmico de Economia na UNIFRA, Especialista do Instituto Liberal 




 

 

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