O VEREADOR-JUSTO: UM CORDEL ELEITORAL
Data: 30/04/2017
O
VEREADOR-JUSTO:
TODO O PODER VEM DO POVO
UM CORDEL ELEITORAL
________
PHILIPPE GUÉDON
O CORDEL
Nildinha
Escute o que vou dizer,
escute o que vou falar.
Para aprender o cordel
é preciso praticar.
Viajar na poesia,
começar a se alegrar
O verso é cada linha,
a estrofe vai formar
A maneira mais simples
no final de rimar,
o segundo com o quarto
com o sexto completar
Para ter entonação,
sílabas deve contar.
Isso é necessidade,
precisa se concentrar.
Pare na última tônica,
assim irá acertar
E quando no meio do verso
as átonas encontrar,
junte e conte como uma
mas não vá se atrapalhar.
Leia com inspiração
e sempre volte a contar.
Vamos escolher um tema
e começar a escrever.
Não ter palavras pra rima,
a lista pode fazer.
Seu cordel será sucesso
e todo mundo vai ver.
O VEREADOR-JUSTO
Constituição Federal, Dos Princípios Fundamentais, Artigo 1º, Parágrafo Único: “Todo o poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
(Esclarecimento necessário: representantes de quem, do povo ou dos partidos? Pois do povo, claro, mas os partidos, que redigiram a Constituição, surrupiaram a representação em seu benefício no Artigo 14, parágrafo 3º, V... E assim nasceram as nuvens de gafanhotos que assolam o Brasil).
É princípio fundamental
de nossa Constituição:
todo o poder é do povo,
que dá representação
a vereador e a prefeito
e outros mais na eleição.
Em verdade, não é assim
que usam da Constituição.
Inventaram o monopólio
dos candidatos à eleição.
O povo que saiba catar
os menos piores na eleição.
Será isso eleição direta?
De direta tem nada, não.
Só é candidato o da lista,
povo não faz indicação;
vota só nos escolhidos
lá na sede de um partidão.
Para que fique mais claro,
vou falar tudo em milhão.
Começo com os brasileiros,
duzentos e seis é o tantão.
Desses, cento e quarenta e quatro
Podem votar na eleição.
Poucos filiados à siglas,
dezesseis cumprem a condição.
Estes aí até que podem
dar palpite na seleção.
Os não-filiados nem isso,
Chegam mudos, saem calados.
Façam a conta, é favor,
ficam cento e vinte e oitão
os brasileiros alijados
do seu direito de opção.
O Princípio arrebatador
chegou à praia afogadão.
Os partidos enchem a boca
“foi do povo a decisão”.
Ora, é muita cara de pau
surrupiar e fingir que não.
Até pra candidato a edil
Vale deles a decisão.
Pois tenho cá uma idéia
que sugiro ao meu povão:
em vez de topar as listas
que vêm de fora, maldição,
que tal a gente dizer quem,
prá edil, nos serve ou não?
Vereador-justo é o nome
do candidato do povão.
Prá cada ele, há uma ela,
igualdade é condição.
A campanha custa pouco,
santinho nem é precisão.
Pois se mexe com associação
e é tido por bom cidadão,
diga lá se é preciso
informar que “eu sou o João”?
Por serem nossos os Justos
Pois terão votos de montão.
Já que é obrigação de todo
candidato a filiação,
deverão buscar os Justos
quem acolha sua inscrição.
Por ética, sua intenção
ao partido contarão.
Quer o Justo ao povo servir,
recusa ser edil-barão.
Não aceita mil mordomias
com que o tenta o vendilhão.
Vai pra a Câmara trabalhar
não lhe atrai a ostentação.
Assume real compromisso
com a nossa população:
quando eleito terá normas,
não evitará obrigação.
Salário igual ao professor,
gabinete não quer não.
Desde logo vai recusar
celular, gasolina, carrão,
selos, assessores, luxos.
Às favas com a tentação!
Se quem elege não tem,
o Justo terá também não.
O Justo só ao povo escuta
Antes de qualquer votação;
não ao prefeito nem sigla,
mas o tão sofrido povão.
E deste modo permanece
sempre fiel à Constituição.
Acima do povo não há
partido, chefinho, chefão.
Quem diz o que quer e como,
é o povo, a população.
E o Brasil ficará melhor
Se ouvir das pessoas a solução.
Repito: quem assim manda,
é a bela Constituição.
Esta mesmo de oitenta e oito,
Que o poder deu ao povão.
e que andaram surrupiando,
graúdos, calando a razão.
O Vereador-Justo não será
contra os partidos, ora não!
A democracia os requer
mas precisam pisar no chão:
são ferramentas do povo,
não senhores desta Nação.
Há mais uma regra severa
aceita sem hesitação:
nenhum Justo vai concorrer,
à sua própria reeleição.
Muitos mais querem servir,
É bem-vinda a renovação.
O Justo declara, solene,
mandato não é profissão.
Não se dobra por dinheiro,
“excelência” soa à gozação.
Quatro anos a servir o povo,
valem toda a dedicação!
Iguais, homens e mulheres,
Pelo Município zelarão,
sem fazer da vereança
ensejo de deleitação.
A Câmara economizará
uma nota preta pro povão.
Trinta milhões a cada ano,
custa a Câmara, meu irmão.
Acredite que por cinco
melhor serviço poderão
os Justos ao povo prestar,
que a atual formulação.
Creio que nossos argumentos,
os partidos entenderão
chegou a hora da mudança,
pró Saúde e Educação.
Boa economia será feita
Com o fim da ostentação.
É de Fernando Pessoa,
poeta luso, a citação.
Foi ele que assim escreveu:
“O eleitor não escolhe o que quer,
Escolhe entre isto e aquilo que lhe dão,
O que é diferente”.
Eis o que desejo mudar
Com a sua participação.
Todos serão mais felizes,
partidos, edis e povão,
ao tornar-se o privilégio,
ampla generalização.
Se topar a caminhada
Mudaremos a feia feição
De nossa Câmara, agora,
e do Município então,
depois alcançaremos
o Estado e logo a União.
Pois revoluções à vera
não se fazem com canhão.
Só precisam de propostas
Nascidas da população.
Começam assim marolas
E viram depois tsunamão.
A santa grana já era,
o “sou bacana, sou ricão”.
Viva o manto da ética,
Pro porão o espertalhão.
Felicidade é completa
ao todos terem seu quinhão.
Pra ver isso acontecer,
Vamos cumprir a condição.
Nada se fará se o Justo
não conseguir filiação
em partido mais atento
a ouvir da rua o vozeirão.
O Justo levará trunfos,
Para a boa argumentação.
Pois ao fim e cabo, lembrem,
quem vota é a população.
Batendo pé, decidida,
Vencerá a força da união.
Democracia, peregrino,
em português tem tradução:
é onde o povo governa,
não cabe outra interpretação.
Lembre-se que o voto manda,
E o voto é seu, meu irmão.