O Produto Interno Bruto (PIB) atingiu R$ 7,0 trilhões em 2018, com alta de 1,8% em relação a 2017. O PIB per capita chegou a R$ 33.593,82, com alta de 1,0% em relação ao ano anterior.
A Agropecuária cresceu 1,3%; a Indústria, 0,7%, e os Serviços cresceram 2,1%.
O consumo das famílias cresceu 2,3%. Já a despesa de consumo final do governo cresceu 4,9% em termos nominais.
Em 2018, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiu 5,2%, depois de quatro anos seguidos de queda, e a taxa de investimento (15,1%) cresceu 0,5%, após alcançar em 2017 seu menor nível desde 1995.
Essas e outras informações integram o Sistema de Contas Nacionais 2018, que agrega novos dados, mais amplos e detalhados, do próprio IBGE e de fontes externas, que revisam as Contas Nacionais Trimestrais.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 foi revisado de 1,3% para 1,8%. Essa revisão decorreu, principalmente, da incorporação de novos dados, advindos da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) e de dados do Imposto de Renda, para o conjunto das atividades de Serviços (+0,6%), em particular para Outras atividades de serviços (+2,0%). Os Serviços respondem por cerca de ⅔ da economia brasileira.
A taxa de 1,8% em 2018 foi a segunda alta consecutiva do PIB, após a variação de 1,3%, em 2017. Essas altas foram insuficientes para reverter a queda acumulada no biênio 2015-2016 (6,7%). Em valores correntes, o PIB em 2018 foi de R$ 7,004 trilhões, o que corresponde a um PIB per capita de R$ 33.593,82. O crescimento do PIB per capita foi de 1,0% levando seu patamar a ficar próximo, em termos reais, ao observado de 2010.
O crescimento do PIB em 2018 foi resultado de um aumento de 1,8% do Valor Adicionado Bruto (VAB), com destaque para o grupo Serviços, que cresceu 2,1%. Em 2018, 11 dos 12 grupos de atividades econômicas registraram crescimento ou estabilidade, sendo a única queda registrada na atividade Construção.
Os Serviços (2,1%), que respondem por dois terços da economia brasileira, foram responsáveis por 1,5 ponto percentual dos 1,8% de crescimento do VAB. A Agropecuária teve crescimento de 1,3% e contribuiu com 0,1 ponto percentual para o crescimento do Valor Adicionado. A Indústria apresentou uma variação positiva de 0,7%, contribuindo com 0,2 ponto percentual.
O Comércio avançou 2,6%, contribuindo com 0,3 ponto percentual para o crescimento, influenciado pelo comércio de veículos, com alta no volume das margens de comercialização de automóveis (+16,4%), caminhões (+63,5%) e peças para veículos (+8,3%).
As Atividades imobiliárias apresentaram acréscimo de 3,3% (0,3 p.p. no crescimento do VAB), impactadas, principalmente, pelo crescimento da produção do aluguel efetivo e serviços imobiliários (4,0%) e do aluguel imputado (2,9%).
As Outras atividades de serviços, por sua vez, cresceram 3,5% (0,6 p.p. no crescimento do VAB), com destaque para os Serviços de Alimentação (+4,9%), a Saúde privada (+4,4%) e Outras atividades administrativas e serviços complementares (+3,3%).
A atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos registrou um crescimento de 3,7%, muito em decorrência de um aumento em volume da Produção (+1,9%) acima do Consumo intermediário (+0,5%), em consequência do menor uso das termelétricas em relação a 2017.
Já a Construção, que mantém desde 2014 uma série de resultados negativos, foi o único grupo de atividades com queda em volume no VAB em 2018, com desempenho de -3,0%.
Consumo das famílias cresceu 2,3%
Em 2018, as despesas de consumo final cresceram 2,0%. A despesa de consumo final do governo, que engloba as despesas com bens e serviços oferecidos pelo governo à coletividade, subiu 0,8% em 2018, sendo que, em 2017, havia caído 0,7%.
O consumo das famílias, que possui o maior peso na demanda final (63,2% do PIB) teve alta de 2,3%. A variação de preço dos bens e serviços consumidos pelas famílias foi de 4,0%. A maior parte dos grupos de produtos que compõem dessas despesas apresentaram variações positivas de volume em 2018, com exceção da Educação (-0,1%) e do Vestuário (-0,6%). Dentre os produtos que tiveram maior contribuição para o aumento no consumo das famílias destacam-se os artigos de residência (+4,0%), a saúde (+4,0%) e os transportes (+3,1%).
Formação Bruta de Capital Fixo avançou 5,2% após quatro anos de quedas
A formação bruta de capital fixo (FBCF) da economia brasileira somou R$ 1,1 trilhão em 2018, com alta de 5,2%, seu primeiro resultado positivo depois de quatro anos seguidos de queda. A taxa de investimento (FBCF/PIB) foi de 15,1%, elevando-se em 0,5 p.p. em relação ao ano de 2017, quando foi registrada a menor taxa da série iniciada em 1995.
A Construção continua sendo o grupo de maior relevância entre os componentes da FBCF, mas sua representatividade diminuiu novamente em 2018, passando de 49,6% em 2017 para 45,3%. Já as Máquinas e equipamentos, segundo mais importante, aumentou sua relevância, passando de 35,6% para 40,3%. A participação dos Produtos de propriedade intelectual manteve-se praticamente inalterada, passando de 12,7% em 2017 para 12,4%.
Quanto à variação em volume dos componentes da FBCF, Construção e Outros ativos fixos apresentaram retração em 2018, com variação de -1,5% e -0,8% respectivamente. Já o investimento em Máquinas e equipamentos cresceu 15,4% e em Produtos de propriedade intelectual, 4,3%.
Além disso, em 2018, as exportações cresceram 4,1%, enquanto as importações, 7,7%, resultando em uma contribuição negativa do saldo externo para a variação do PIB (-0,4%).
Necessidade de financiamento da economia nacional teve alta de 147,6%
A necessidade de financiamento da economia brasileira, em 2018, foi de R$ 166,7 bilhões, com uma alta de 147,6% em relação a 2017, quando atingiu R$ 67,4 bilhões. Essa piora se deu de forma generalizada nas transações com o resto do mundo, abrangendo tanto o desempenho do comércio exterior, das rendas de propriedades líquidas enviadas ao resto do mundo (maior impacto), como as outras transferências líquidas enviadas ao exterior.
O saldo externo de bens e serviços foi de R$ 27,6 bilhões, com queda nominal de R$ 19,7 bilhões (41,7%) em relação a 2017. Já no envio líquido de rendas de propriedade ao resto do mundo houve alta, passando de R$ 124,0 bilhões em 2017 para R$ 195,7 bilhões em 2018, contribuindo com R$ 71,6 bilhões para a piora da necessidade de financiamento do país.
O setor empresas não financeiras voltou a apresentar necessidade de financiamento em 2018. É raro, mesmo em circunstâncias adversas, ocorrer capacidade de financiamento nesse setor, ainda mais por todo um triênio, como foi verificado entre 2015-2017. Portanto, a volta da necessidade de financiamento do setor indica um retorno à normalidade.
A capacidade de financiamento das empresas financeiras teve queda nominal de 20,3%, ao passar de R$ 187,9 bilhões em 2017 para R$ 149,8 bilhões em 2018. O valor adicionado bruto teve redução nominal de 1,7% em relação a 2017, alcançando R$ 419,9 bilhões. Isso se deve à redução da taxa de juros. Contribuíram também para a queda na capacidade de financiamento do setor, o aumento de 31,8% nos pagamentos de dividendos pelas empresas, o crescimento de 21,5% dos impostos, além da alta de 20,5% da formação bruta de capital fixo, refletindo investimentos em tecnologia da informação.
O setor governo geral registrou queda da necessidade de financiamento de R$ 35,9 bilhões, passando de R$ 465,2 bilhões em 2017 para R$ 429,1 bilhões em 2018. Esse comportamento foi em grande parte influenciado pelo crescimento de 8,0% da receita total em contraposição a uma variação de 4,9% das despesas totais das três esferas de governo. A liberação de saques das contas inativas do FGTS, observada em 2017 e que não se repetiu em 2018, foi um dos principais fatores para a desaceleração do lado das despesas.
A formação bruta de capital fixo do setor reverteu a tendência de queda dos últimos três anos e passou de R$ 109,2 bilhões em 2017 para R$ 119,2 bilhões em 2018, registrando um crescimento, em termos nominais, de cerca de 9,1%. Este movimento foi influenciado especialmente pelo crescimento dos investimentos na esfera municipal.
Contribuições sociais pagas pelas famílias subiram 4,4%
A participação da remuneração na renda disponível das famílias apresentou trajetória de crescimento até 2011, quando atingiu o patamar máximo na série, em valores correntes, de 65,3% do total. Até 2017, todos os anos seguintes registraram queda nessa relação. Em 2018, a relação se manteve estável em 62,1%.
A renda consumida, ou seja, a parcela do consumo final das famílias na renda disponível caiu até 2017 (88,3%), aumentando para 89,9% em 2018. Entre 2014 e 2016, a poupança aumentou sua participação na renda disponível (10,1% para 12,1%), sendo que em 2018, a participação caiu para 10,8%.
Em 2018, os benefícios sociais recebidos pelas famílias cresceram apenas 1,6% em termos nominais, enquanto as contribuições sociais do setor subiram 4,4%. A razão para o pequeno crescimento dos benefícios sociais foi que, em 2017, houve liberação dos saques do FGTS, o que não se repetiu em 2018. Esse fato, juntamente com o aumento nominal de 6,4% na despesa de consumo final, resultou em queda de 19,6% na capacidade de financiamento do setor, que passou de R$ 202,1 bilhões em 2017 para R$ 162,5 bilhões em 2018.