O pórtico do Bingen – que assim como o do Quitandinha recebeu pintura nova na última semana – teve sua cor descaracterizada, fugindo do tradicional rosa grão-pará presente nos principais monumentos da cidade. O tom de rosa, que é visivelmente mais claro, vem causando estranheza e desagrado àqueles que zelam pela manutenção das tradições petropolitanas. A tonalidade que cobre o Museu Imperial e foi adotada por diversos imóveis históricos, como a Casa da Princesa Isabel, na Avenida Koeler, tem uma simbologia importante, apesar de sua manutenção não ser obrigatória.
O pórtico do Bingen foi erguido em 2008 e a manutenção realizada no mês passado foi feita pela Comdep, sob a supervisão da Fundação de Cultura e Turismo do Município. Em material divulgado para a imprensa, a diretora de Turismo da Fundação, Evany Noel, afirmou que o monumento é importante para a cidade e que ele mantinha a cor grão-pará. “Esses monumentos acolhem os turistas, são importantes para Petrópolis. Quem passa por eles percebe que está chegando a uma cidade histórica”, disse a diretora na nota.
A chefe do escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Região Serrana, Erika Machado, explicou que o tom grão-pará é uma espécie de marca registrada da cidade imperial, mas a adesão de outros imóveis e monumentos à cor que passou a cobrir o Museu Imperial nos anos 60 é opcional.
“O pórtico do Bingen não é uma construção histórica, nem fica em área de entorno do conjunto urbano-paisagístico, portanto, a escolha da cor é livre”, afirmou Erika, acrescentando que é sempre importante optar por uma tonalidade que se integre à paisagem local.
Para o presidente do Instituto Histórico de Petrópolis (IHP), Luiz Carlos Gomes, a cor ideal não é o rosa atual, nem o grão-pará. O pesquisador explica que o Bingen é um bairro que traz a história da colonização germânica de Petrópolis, dando acesso a região antes conhecida como Quarteirão Darmstadt. Dessa forma, ele acredita que a escolha mais sensata seria por uma pintura que remetesse a este passado. “O pórtico do Bingen tem uma conotação diferente do Quitandinha, que tem estilo neoclássico e linhas que realmente seguem o padrão do Museu Imperial. É preciso seguir o estilo arquitetônico do monumento, portanto, acho que as cores ideais para o pórtico do Bingen são as da bandeira alemã – preto, vermelho e amarelo”, declarou Luiz Carlos.
