Petrópolis, 28 de Março de 2024.
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  CINCO ANOS JÁ

Data: 04/12/2015

 

 

CINCO ANOS JÁ

Philippe Guédon

 

            Na última reunião da Frente Pró-Petrópolis, Renato Araújo lembrou que no transcorrer da noite de 11 para 12 de janeiro de 2016, a tragédia do Vale do Cuiabá completará cinco anos.

            A Frente foi criada pelo Comitê Gestor do Portal Dados Municipais para dar continuidade, com as suas óbvias limitações, ao papel que Dom Filippo Santoro, então Bispo de Petrópolis e hoje Arcebispo de Táranto, Itália, decidira desempenhar por falta de vontade das lideranças mais óbvias: o de requerer ordem e eficácia por parte dos muitos órgãos federais, estaduais e municipais que se anunciavam como encarregados do resgate do bem-estar das famílias enlutadas, flageladas ou de algum modo prejudicadas.

            O drama de Mariana e do Rio Doce é uma reprise, em maior, do que vivemos aqui. Cabeças coroadas sobrevoam o barro contaminado, que engoliu pessoas e prédios. Os eternos órgãos - que já conhecemos (mais o DNRM) - a explicar que não é com eles, e que se fosse não teriam os recursos necessários.  Sim, o plano de emergência ia ser feito, sirenas instaladas, rachaduras consertadas, laudos cumpridos, vistorias traduzidas em notificações. Ia ser uma beleza, mas a barragem rompeu antes. Dito lá na COP 21 pela voz presidencial, ficou bem claro que grandes acionistas e conselhos de administração nada têm a ver com as encrencas das suas empresas. Enquanto isso, o povo fica sem casa, sem emprego, sem Capela, sem o seu Distrito. Mariana 2015 é a versão remasterizada e em cinemascope, do Vale do Cuiabá 2011. Coitados...

            Presto, aqui, as minhas homenagens aos cidadãos e entidades que, à semelhança do Lions Itaipava, ajudaram nas mais duras horas. E saúdo Silmar Fortes que manteve a Comissão das Chuvas ativa na Câmara, com o apoio de entidades como a FPP. O brado moral de D. Filippo não ficou sem eco: “Ordem! Pensem nas pessoas!”.

            Agora, o Estado e a União faliram e sumiram. A Defesa Civil do Município fez muitas coisas boas, e a população mostrou-se solidária. Mas só um balanço, ao ensejo dos cinco anos, sereno e objetivo, poderá evitar que a atenção popular tenda a cuidar das catástrofes mais recentes (Mariana, NSS, Brasília).  Insensato o povo que não guarda a memória de seu passado!

            Lamento que o Governo Municipal tenha descartado o Instituto Koeler, instrumento para pensar Petrópolis unindo a população e seus representantes da hora. Continuaremos sujeitos à coisas como a prorrogação na moita do contrato da Cia. Águas do Imperador, a mega-estrutura e efetivos ridiculamente altos, tudo isso traduzido em orçamentos que o povo nem procura entender. Essa é, aliás, a idéia básica: deixa comigo. E quando sucederem os futuros “Cuiabás”, ninguém assumirá a responsabilidade pelo não-feito ou mal-feito.

            Deixo aqui uma proposta: a TRIBUNA, com o apoio da Câmara, poderia publicar um caderno especial no dia 12 de janeiro (cai numa 3ª) com o balanço das ações, omissões e depoimentos de quem importa. Como está o Cuiabá hoje, e a opinião dos moradores e dos veteranos da noite fatídica. 

            A FPP gostaria de ir além de dar palpites. Mas como estamos de castigo oficial – falar conosco pega mal na Corte – o jeito é palpitar.

 

 




 

 

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