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  Atenuando o desastre

Data: 27/10/2011

Os seis primeiros meses após as chuvas que deixaram quase mil mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro foram lembrados com uma série de notícias mostrando a situação das famílias e as denúncias de desvios das verbas públicas em Nova Friburgo e Teresópolis. No entanto, ignorou-se o movimento popular que monitorou e acompanha a atuação do governo municipal e estadual na Região Serrana.

Em Petrópolis, ao longo destes seis meses, houve um envolvimento social, a partir do manifesto pela reconstrução urbanística e humana que, como bispo diocesano, publiquei na imprensa. O manifesto nasceu dos encontros com familiares das vítimas e com os desalojados das chuvas, e de muitos pedidos de cidadãos e associações locais.

Para responder a esta exigência, juntamente com o Comitê Gestão do Portal Dados Municipais, promovemos três audiências públicas em Petrópolis, com o objetivo de agilizar a construção de casas para as vítimas, medidas de prevenção, retirada das famílias das áreas de risco e aproveitamento dos estudos já realizados sobre as chuvas na Região Serrana.

As respostas apareceram nas audiências e foram se consolidando em encontros entre o bispo diocesano, as autoridades públicas e representantes da sociedade. Num primeiro momento foi sinalizada a construção de 120 casas no Vale do Cuiabá, sendo que 62 financiadas por empresários, através da presidência da Firjan. O subsecretário estadual de Projetos de Urbanismo e coordenador dos projetos de reconstrução, Vicente Loureiro, garantiu que serão construídas 1.500 casas em Petrópolis, com previsão de entrega em abril de 2012.

Os moradores do Vale do Cuiabá manifestaram sua satisfação em ter um espaço público onde apresentar queixas e pedidos, mas, ao mesmo tempo, não esconderam seu desânimo diante da necessidade de deixar suas casas sem a perspectiva de uma solução concreta. Por isso cobraram do governo do estado garantias sobre a reconstrução das casas em áreas seguras.

Como resultado das audiências, surgiu a Frente Pró-Petrópolis. Os objetivos centrais são: no imediato, buscar uma resposta e atendimento para o Vale do Cuiabá; e a médio e longo prazos planejar a retirada das famílias das muitas áreas de risco e promover o desenvolvimento sustentável da cidade. Em Teresópolis, onde há denúncias graves contra o poder público local, a Igreja tem atuado na assistência às famílias criando o Galpão Solidário, projeto presente também em São José do Vale do Rio Preto, onde se prevê a construção de uma creche em convênio com a prefeitura. Tudo indica que as audiências vão continuar, a Frente Pró-Petrópolis alimentando o diálogo com os poderes públicos municipais, estaduais e federais em vista da reconstrução urbanística e humana das áreas atingidas e da prevenção de futuros desastres.

FILIPPO SANTORO é bispo de Petrópolis.

Fonte: O Globo




 

 

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