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  Ocupações irregulares crescem nas encostas

Data: 22/07/2009

Ocupações irregulares crescem nas encostas

 

 

            Problemas sociais aliados à falta de um trabalho eficaz de fiscalização por parte do poder público ao longo dos últimos 30 anos resultaram no avanço das construções irregulares em encostas de morros em praticamente todos os bairros de Petrópolis. Levantamento recente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente indica que Petrópolis tem atualmente cerca de 96 áreas consideradas críticas, que necessitam de intervenções. “Mais de 65% dessas áreas estão no primeiro distrito. Algumas, após as intervenções deixam de apresentar riscos e as pessoas podem continuar com as suas moradias, outras necessitam de remoção e planejamento habitacional”, explica o secretário Municipal de Meio Ambiente, Luiz Eduardo Peixoto.

            Apesar de no ano passado a Prefeitura ter informado ao Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) que Petrópolis não possui favelas, o processo acelerado de ocupações em áreas de encosta salta aos olhos de quem chega à cidade qualquer que seja a via de acesso. No fim do ano de 2007, o Plano de Manejo da APA-Petrópolis já indicava que mais de 30 áreas de preservação permanente precisam de intervenção para conter as ocupações irregulares.

            Um dos pontos ais críticos está na Serra Velha da Estrela, onde mais de 90% das construções foram erguidas irregularmente. Algumas delas estão na vizinhança das ruínas do tombado prédio da antiga Fábrica Cometa. Ali as ruínas do muro foram usadas para a instalação de mais de 20 relógios marcadores de energia elétrica. A maioria das construções, no entanto, foi erguida em Área de Preservação Ambiental.

A ocupação daquela área é alvo de inquérito no Ministério Público Federal, que cobrando das autoridades ações para paralisar seu avanço. O problema se estende à região do Alto da Serra, que tem as encostas tomadas por construções que pões em risco a vida dos moradores.

            Partindo do Centro Histórico em direção aos distritos chama atenção as ocupações das comunidades conhecidas como Neylor e Alemão, nas proximidades do bairro Retiro. Ali, moradores convivem com problemas comuns às ocupações irregulares como a falta de infraestrutura e saneamento básico. Avançando pela Estrada União e Indústria é possível ver que, ao longo da primeira rodovia pavimentada do Brasil, as construções em áreas de risco também avançam sobre morros. Em Cascatinha nem mesmo a área de entorno do tombado prédio da antiga Companhia Petropolitana foi poupada.

            Em Corrêas, as construções precariamente feitas nas encostas podem ser vistas em morros ao redor da casa do Padre Corrêa, antiga fazenda em que D. Pedro se hospedava, e onde teria se apaixonado pelas belezas da região. No mesmo distrito, as ocupações se estendem pela região do Bonfim, até os limites com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Situação semelhante é observada em Nogueira, Itaipava, Pedro do Rio e Posse.

            O mesmo acontece em relação à BR-040. Às margens da Rodovia que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora é possível ver o crescimento das ocupações em áreas como as do Contorno, Duarte da Silveira, Moinho Preto, Fazenda Inglesa e também na região de Itaipava. Naquele distrito, um dos pontos mais críticos está no acesso à ponte do Arranha Céu, onde dezenas de construções foram erguidas praticamente às margens do Rio Piabanha. Ainda em Itaipava, o Rio Santo Antônio teve com o passar dos anos as margens tomadas por ocupações. Naquela região, em fevereiro de 2007, nove pessoas morreram e mais de 400 ficaram desalojadas depois de um temporal.

            Também já chega à BR-040, na altura do Belvedere, uma ocupação que começa na região do Independência, no bairro Quitandinha. A comunidade Maria de Lima, como é conhecida a trilha de cerca de três quilômetros de extensão que corta uma área de preservação permanente, já tem mis de 100 construções irregulares. Ações de fiscalização do Ibama, APA-Petrópolis e Polícia Federal foram realizadas na região nos últimos dois anos, notificando moradores. Nas inspeções, técnicos da APA identificaram que as casas foram erguidas em uma área de suma importância para a preservação e circulação de espécies, a chamada “zona de vida silvestre”. Outro problema é que as casas não têm saneamento básico e com isso seis nascentes estariam sendo poluídas pelo despejo de esgoto in natura. A ocupação é alvo de inquérito no Ministério Público Federal, que cobra providências por parte da Prefeitura e do Ibama.

            No mesmo bairro, moradores da Rua Minas Gerais convivem com o medo. Ali, no início deste ano, mãe e filha morreram soterradas em deslizamento da encosta. Segundo o relato de moradores, aquela foi a terceira vez que barreiras deslizaram na mesma rua.

 

 

 

Fonte: Tribuna de Petrópolis, 19 de julho de 2009




 

 

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