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  Transferência de servidores fecha o Museu

Data: 23/12/2008

A transferência de 60% dos servidores do Museu Imperial para o Palácio Rio Negro fez com que o museu mais visitado do Brasil ficasse com as portas fechadas no dia 18 de dezembro, devido à falta de segurança. Ao todo, 18 funcionários foram transferidos, sendo 10 deles da equipe de segurança, seis do corpo técnico e dois da equipe de manutenção.

 

De acordo com o diretor do Departamento de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, José do Nascimento Júnior, a transferência foi feita a pedido dos próprios funcionários, que encaminharam uma carta ao presidente do Iphan nos últimos dias, expondo, segundo ele, uma situação de perseguição e assédio moral.

 

Nascimento disse que a situação dos servidores transferidos era insustentável no museu devido a um processo administrativo instaurado no início de setembro pelo Iphan para apurar supostas irregularidades na parceria entre a direção do Museu Imperial e a Sociedade de Amigos do Museu Imperial (SAMI). As investigações chegaram a provocar o afastamento da diretora do Museu Imperial, Maria de Lourdes Parreira Horta, no início de setembro.

 

Apesar do procedimento ainda não ter sido concluído, a museóloga retomou o cargo no último dia 10. “A situação relatada pelos funcionários era insustentável, por isso o Iphan tomou a decisão de transferi-los até o fim deste processo”, disse José do Nascimento Júnior. No documento enviado ao Iphan, os funcionários alegam que a transferência foi solicitada porque os servidores discordam da postura, supostamente autoritária, da direção do Museu Imperial.

 

O diretor do Departamento de Museus, José do Nascimento Júnior, frisou que a preocupação do Iphan é com a instituição e com os funcionários. Ele disse que as medidas já estão sendo tomadas para que o Museu Imperial seja reaberto o quanto antes. “Orientamos o diretor administrativo a solicitar o apoio da Polícia Federal para que o Museu Imperial seja reaberto. Orientamos também que ele acione uma equipe de segurança privada”, explicou Nascimento.

 

Ele enfatiza que a população deve ficar tranqüila, pois o Iphan está se empenhando para que a situação se resolva o quanto antes. “A orientação foi passada hoje e esperamos que amanhã o museu seja reaberto”, afirmou.

 

Em relação às investigações que provocaram o conflito entre direção e servidores, diretor do Iphan disse que acredita que um parecer sobre o processo seja emitido nas próximas semanas. Só então será definida a situação dos servidores que estão à disposição no Palácio Rio Negro, que atualmente está fechado à visitação.

 

Aviso na bilheteria dava a má notícia aos turistas

 

Quem tentou visitar o Museu Imperial no dia 18 de dezembro, encontrou na bilheteria um nota dizendo: “Em virtude da portaria nº 243 de 17/12/2008, do Departamento de Planejamento e Administração do Iphan determinado a transferência de 18 servidores para o Palácio Rio Negro/DEMU/RJ, fica inviabilizada a abertura do Palácio Imperial à visitação pública. Os demais setores estão funcionando normalmente, à exceção do setor de Museologia”, diz a nota.

 

As apresentações do espetáculo Som e Luz também foram suspensas. Consultada sobre o assunto, a diretora do Museu Imperial não se pronunciou sobre a transferência dos funcionários. Maria de Lourdes Parreira Horta disse apenas que aguardava orientações de Brasília e que não podia precisar quando o Museu Imperial será reaberto.

 

Fechamento preocupa guias e todo o setor turístico

 

O fechamento do Museu Imperial representa prejuízos para o setor turístico e de serviços da cidade, que tem como principal atrativo o Palácio da Família Imperial. A indefinição quanto à reabertura do Museu preocupa o presidente da Associação de Guias Turísticos de Petrópolis, Ilton Cortes, que também foi surpreendido ao chegar com um grupo de turistas ao portão. “Tínhamos um grupo com visita agendada para às 11h30, quando chagamos lá na porta , às 11h10, é que soubemos que estava fechado”, disse.

 

Ilton conta que o grupo de alunos de um colégio em Itaguaí, no Rio, ficou bastante decepcionado por não conseguir visitar o palácio. “Eles ficaram decepcionados, porque ao longo do passeio por outros pontos turísticos nós vamos recontando a história da cidade, que culmina com a oportunidade deles conhecerem o Museu Imperial, e esse desfecho não aconteceu”, contou.

 

Ele lembra que durante os poucos minutos em que ficou no local com seu grupo, pelo menos outros sete outros grupos de turistas chegaram e tiveram que voltar sem visitar o principal ponto turístico da cidade. “Nem mesmo no Pórtico do Quitandinha, onde funciona o Centro de Informações Turísticas da cidade, havia qualquer informação sobre a suspensão da visitação ao Museu Imperial. Eles disseram que foram informados sobre isso somente às 13h30”, disse.

 

O presidente da Associação de Guias espera que alguma medida seja tomada para reverter esta situação e frisa que o turismo na cidade será muito prejudicado se o museu permanecer fechado. Um levantamento feito pela associação dos guias mostra que no ano passado, entre os dias 26 de dezembro e 3 de janeiro, Petrópolis recebeu cerca de 10 mil turistas. “Esperávamos para este ano um número pouco maior de visitantes, por causa das chuvas que atingiram o Sul e a região de Minas Gerais, mas com o Museu Imperial fechado as pessoas vão deixar de vir para Petrópolis”, alertou.

 

Ele lembra que para o fim do ano já estava prevista a chegada de um grupo de Santa Catarina, que passará o reveillon no Rio e já havia agendado uma visita ao museu. “Com o palácio fechado, é possível que essas pessoas prefiram ficar no Rio. A cidade vai perder muito com isso, principalmente por causa do número de turistas que no fim do ano passam alguns dias no Rio e aproveitam para visitar Petrópolis e conhecer o Museu Imperial. As autoridades ligadas ao setor precisam fazer alguma coisa”, alertou.

 

Visitantes que estavam hospedados em hotéis na região do Centro, se decepcionavam ao serem informados que não poderiam entrar no Palácio Imperial. Entre estes estavam o estudante Roberto Machado Velho, que mora no Rio e trouxe a amiga Bernadett Judit Nédli, que é húngara, para conhecer o Museu Imperial.

 

“Não sabíamos que a visitação estava cancelada. Quando foi que fechou?”, questionou o estudante, que já conhecia o museu. Ele conta que o casal estava em Teresópolis e veio a Petrópolis somente para que Bernadett conhecesse o Museu Imperial. “É uma pena, falei com ela sobre o museu e ela ficou muito interessada em conhecer (...) vamos entrar para que ela veja pelo menos o prédio por fora, que é bem bonito também”, conforma-se.

 

Como eles, outros visitantes que chegaram foram informados que tanto à visitação ao museu quanto à apresentação do espetáculo Som e Luz haviam sido cancelados.

 

 

Fonte: Tribuna de Petrópolis – 19 de dezembro de 2008.




 

 

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