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  Firjan propõe cinturões de segurança nas entradas do Rio

Data: 02/07/2017

 

Firjan propõe cinturões de segurança nas entradas do Rio


Medida visa coibir crimes no Estado; ações na Região Metropolitana podem beneficiar Petrópolis

Philippe Fernandes - Diário de Petrópolis

 

 

A situação de falência do Governo do Estado fez com que a violência voltasse a disparar. Em 2016, o Estado do Rio registrou mais de 811 mil crimes, uma média de uma ocorrência a cada 39 segundos. O Estado se tornou o mais perigoso para o transporte de cargas no país, com 9,8 mil registros de roubo, gerando um prejuízo de R$ 619 milhões. Esse cenário levou a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) a realizar o estudo “Avanço da Criminalidade no Estado do Rio – Retrato e propostas para a segurança pública”, com ações permanentes para combater a falta de segurança.

A principal proposta defendida pela Firjan é a criação de um Cinturão de Segurança Rodoviária Integrada, formado por postos de fiscalização conjunta de órgãos federais e estaduais, em pontos estratégicos de rodovias e portos, com a participação da Polícia Rodoviária Federal (ou estadual), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e secretarias estaduais de Segurança, Fazenda e Saúde.

A iniciativa teria início na cidade de Queluz (SP), próximo à divisa com o Rio de Janeiro, na Rodovia Presidente Dutra. O posto na cidade paulista serviria de projeto-piloto e teria uma ação integrada dos dois estados, pois liga as duas principais regiões metropolitanas do país. A Firjan acredita que a localização estratégica provocaria uma ruptura no esquema de tráfico de drogas e armas e no contrabando na rota RJ-SP.
Por conta da proximidade com Minas Gerais, as cidades de Sapucaia e Três Rios também estão na lista de municípios sugeridos para o cinturão. Também teriam suas bases as cidades de Duque de Caxias, Magé, Itaguaí, Itaboraí, Seropédica, Paraty, Santo Antonio de Pádua, Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana e Campos dos Goytacazes. Com isso, segundo a Firjan, seria possível fiscalizar 90% dos veículos que vem de outros estados e acessam a Região Metropolitana.

No posto, além da fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, haveria um posto de pesagem do DNIT (que ajuda a combater a sonegação, com a barreira fiscal; e a preservar a pavimentação das estradas, uma vez que veículos com pesagem acima do permitido contribuem para corroer o piso) e uma barreira sanitária, que impediria a entrada de produtos sem procedência no Estado.

Ação nos limites entre os Estados pode beneficiar Petrópolis

Apesar de não estar prevista uma unidade específica para Petrópolis, a cidade pode se beneficiar da ideia da criação de um cinturão de segurança, de acordo com o gerente de Estudos de Infraestrutura de Projetos da Firjan, Riley Rodrigues. Isso porque os dados de segurança apontam que Petrópolis ainda é uma cidade segura. No entanto, o município perde justamente pelos crimes cometidos em municípios vizinhos – a grande maioria dos roubos de cargas de produtos de empresas da cidade, por exemplo, acontece no Rio ou em cidades da Baixada Fluminense.

- Quando acontece em Petrópolis o caso de um roubo de carga que afeta uma empresa da região, isso acontece na chegada ao Rio, no destino final do produto. Há poucas ocorrências na cidade. Entretanto, as principais relações comerciais das empresas de Petrópolis são feitas com a capital e as cidades da região metropolitana. Neste caso, temos um problema muito sério, pois a cidade fica “ilhada”: tem que recorrer ao Grande Rio para entregar os produtos ou buscar matéria-prima, e, aí sim, é muito grave – disse.

De acordo com Riley, a relação com outras cidades é o fator preponderante para as perdas econômicas, e não as ocorrências registradas na cidade. Por conta disso, faz mais sentido criar os postos em locais como as imediações do Arco Metropolitano, na Rodovia Washington Luiz (onde houve dois arrastões no último mês) ou no entroncamento da BR-040 com a BR-393, na altura de Três Rios.

- Com isso, conseguimos proteger as cargas vindas d0e Petrópolis e coibir a entrada de drogas, armas e contrabando que vêm para a cidade. A proteção de Petrópolis acontecerá pelas ações desenvolvidas em outros municípios, observando esse conceito de deslocamento e relação econômica – afirma Riley.

Para sustentar a tese de cercar o entorno para proteger a cidade, o gerente de Estudos e Infraestrutura da Firjan destaca as estatísticas de criminalidade registradas na 105ª Delegacia Policial. Entre janeiro de 2013 e abril de 2017, houve 2.102 ocorrências de apreensões de drogas e 270 ações de apreensão de armas. No mesmo período, ocorreram 63 homicídios dolosos registados na 105ª DP. Dentro de Petrópolis, houve 62 ocorrências de roubos de cargas em cinco anos – justamente porque a maior parte desse tipo de ação acontece nas demais rodovias.

- O cinturão atua em várias frentes no combate à criminalidade. E, ajudando a combater os vários tipos de crime que refletem no aumento da criminalidade urbana, criamos a condição para impedir a entrada de drogas, armas e produtos ilícitos. Desta forma, garantimos também efetividade em Petrópolis, para combater o crime que chega na cidade, que é relativamente tranquila – destacou.

Criminalidade é sintoma da crise no Estado

Na opinião de Riley, o aumento da criminalidade no Rio de Janeiro é uma consequência da situação do Estado brasileiro, que, segundo ele, vem perdendo as condições de garantir a segurança da população.

- Esse é o sintoma de uma doença maior, que é a total falta de condições do Estado de garantir a segurança pública e atividades de segurança à população. Basta ver que a presença da Força Nacional de Segurança para combater o roubo de cargas não trouxe a efetividade esperada, esse não é o problema único e exclusivo – apontou.




 

 

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