Petrópolis, 30 de Março de 2024.
Matérias >> BR-040: obras da NSS
   
  Lotes de madeira estão abandonados pela Serra

Data: 15/06/2014

 

 

Lotes de madeira estão abandonados pela Serra
 
Diário de Petrópolis, Domingo, 15 de junho de 2014
 
 

A pista de descida da Serra Verde Imperial, que passa por obras de duplicação, tem sido alvo de denúncias por conta de alguns lotes de madeiras abandonados às margens da pista, material este proveniente das derrubadas das árvores. De acordo com o leitor Roberto Cesar Amâncio, na descida da Serra, lotes podem ser encontrados em vários trechos, como nos quilômetros 87,5 (já coberto por capim); no 93,5 (grande lote e mais recente) e no 94,25 (lote antigo também sendo coberto pelo capim). Ainda segundo ele, um lote também teria sido cortado entre os quilômetros 95 e 96 há menos de dois meses, mas a madeira já foi removida.

 

A preocupação do leitor, assim como de outras pessoas que notaram a presença dos lotes abandonados, é de que a madeira oriunda da derrubada das árvores para a passagem da nova estrada continue exposta às ações climáticas por muito tempo, podendo apodrecer.

 

A Concer, concessionária que administra a rodovia, informou que já solicitou autorização para a destinação da madeira, conforme legislação ambiental existente. A prefeitura de Petrópolis, questionada sobre o caso, afirmou que por se tratar de jurisdição federal, o órgão responsável pela fiscalização seria o Ibama. Procurado por nossa equipe, o Ibama informou que por determinação legal a madeira será doada, sendo proibida a venda da mesma. No entanto, a documentação exigida para que seja liberada a destinação dos lotes de madeira é mais complicada, pois demora a sair. Quanto a isso, não foram informados os prazos.

 

Parque Ecológico passa por análise do Inea

 

A bióloga Iara Valverde, diretora da Novamosanta, prestou assessoria para a Concer em 2010 e, segundo ela, foi apresentada uma proposta para resolver essa área de mata atlântica quando a Nova Subida da Serra (NSS) for inaugurada.

 

- É um trecho da mata atlântica muito rico em fauna e flora. A intenção é de que do Belvedere para cima, a mata da atual estrada seja um Parque Ecológico Estadual. Chegamos a levar o projeto para o até então secretário de Meio Ambiente, na época o Carlos Minc, e ele ficou muito interessado. Aí então o projeto foi para o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), onde está sendo analisado pelo Guido Gelli, diretor de biodiversidade e floresta do Instituto, disse Iara.

 

Questionada sobre a possibilidade de a atual Serra continuar em atividade, mesmo após a inauguração da NSS, Iara lembra que não afetaria em nada o projeto, uma vez que o Parque Ecológico seria implantado na parte da mata, não influenciando no tráfego de veículos.


- O projeto é possível mesmo com a continuação do tráfego na Serra atual. As pessoas teriam a possibilidade de usar a estrada e usufruir da paisagem que é belíssima. Além disso, com o parque implantado, evitaria o abandono da região. Lá é uma área muito importante do corredor da mata atlântica e apesar de ela estar dentro da APA-Petrópolis, não tem a proteção devida, finaliza Iara lembrando que o projeto inclui até mesmo áreas para piquenique.

 

Troncos de árvores seguram marquise

 

Outra reclamação dos transeuntes da Rua do Imperador, no Centro, é sobre o uso de troncos de árvores que estão servindo de apoio à marquise da loja da Casas Bahia. A construção, que corria o risco de desabar, deve passar por reparos. No entanto, a solução utilizada pela administração da loja foi utilizar a madeira de lei para adiar a obra.

 

A Secretaria de Defesa Civil, responsável pela fiscalização das condições das marquises, não se pronunciou sobre o uso da madeira nessas condições. Já a Casas Bahia, se posicionou através de nota, informando que “A Casas Bahia tem rigoroso procedimento para auditar a segurança e infraestrutura de suas lojas. A rede informa que a utilização de troncos é regularmente usada no escoramento de edificações. A marca reitera ainda que o reparo na marquise não oferece riscos para funcionários e consumidores e deve ser concluído nos próximos 15 dias. A loja opera normalmente”, finaliza.  

 

 

O custo da madeira ilegal

 

Indo ao contrário da conduta citada pela Casas Bahia, infelizmente hoje, segundo estudos da WWF-Brasil, do total da madeira consumida pelas construtoras do país, apenas 19,23% é proveniente de programas de reflorestamento, enquanto que 80,77% são árvores nativas. Apesar de muitas empresas andarem na legalidade, tais números apontam que a grande maioria ainda infringe a lei, colocando em xeque o meio ambiente. 

 

Para Estevão Braga, Engenheiro Florestal da WWF-Brasil e Coordenador da Turma Piloto do Programa Aquisição Responsável da Madeira na Construção Civil, o empresário erra ao comparar o preço de madeira ilegal com o preço da madeira certificada. Para ele, a madeira ilegal tem um preço infinitamente superior em termos sociais. Um estudo realizado em 2009, em São Paulo, concluiu que a média de preço entre madeira certificada e madeira ilegal é de apenas 8,5% de diferença. “Isso é pouquíssimo. Estamos ,então, falando de uma ação - trocar madeira ilegal por madeira certificada – que representará de 0,1% a 0,2% do custo da obra. Ou seja, praticamente nada a mais”, afirma Braga.

 

Quando a infração é identificada, as empresas recebem punições. A advertência para infrações consideradas de menor lesividade consiste em multa de até R$ 1000,00. Já em casos mais graves, a multa chega a ser de R$ R$ 300,00 por m³ de madeira ilegal apreendida. O valor da multa pode variar entre R$ 50,00 e R$ 50 milhões. Se a atividade persistir, é aplicada multa diária. Caso haja nova infração em menos de cinco anos, cabe a  multa dupla (para quem cometer infração distinta) e a multa tripla (para quem cometer a mesma infração).



Anna Paula Di Cicco
annapdicicco@diariodepetropolis.com.br




 

 

DADOS MUNICIPAIS EQUIPEWEB DADOS MUNICIPAIS DADOS MUNICIPAIS