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  Sem manutenção, Rio-Petrópolis vira rodovia da morte

Data: 19/04/2014

Sem manutenção, Rio-Petrópolis vira rodovia da morte

 

  • BR-040 registra aumento de 48% no número de vítimas
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  • No trecho da Serra, carros de passeio dividem pistas sinuosas e mal sinalizadas com veículos pesados
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  • Motoristas enfrentam asfalto com rachaduras, buracos e remendos


RI Rio de Janeiro (RJ) 15/04/2014 condições da BR 040, no trecho Rio Petrópolis - A equipe do Globo subiu a BR 040 e constatou sinais de abandono da estrada, principalmente no trecho sentido Petrópolis. a estrada na subida é muito estreita e não tem acostamento constante na via. Na foto, trecho da subida, entre os quilometros 100 e 90. Foto Ana Branco / Agencia O Globo Foto: Ana Branco / Fotos de Ana Branco

RI Rio de Janeiro (RJ) 15/04/2014 condições da BR 040, no trecho Rio Petrópolis - A equipe do Globo subiu a BR 040 e constatou sinais de abandono da estrada, principalmente no trecho sentido Petrópolis. a estrada na subida é muito estreita e não tem acostamento constante na via. Na foto, trecho da subida, entre os quilometros 100 e 90. Foto Ana Branco / Agencia O Globo Ana Branco / Fotos de Ana Branco

RIO - Enquanto aguardam o fim das obras da nova pista de subida da BR-040 (Rio-Juiz de Fora) na Serra de Petrópolis, os motoristas que usam a rodovia precisam de atenção e muita perícia para percorrer alguns de seus trechos. Além do excesso de veículos pesados, a pista sinuosa, estreita e antiga, com mais de 80 anos de uso, tem inúmeras rachaduras, remendos e pouca sinalização. Em dias de chuva e neblina, a situação se agrava, aumentando o risco de acidentes. Neste feriado prolongado, todo cuidado é pouco ao percorrer suas curvas, que se tornam mais perigosas por causa da falta de manutenção. Numa lista das dez principais rodovias federais que passam pelo Rio, a BR-040, em todo o seu trecho, teve em 2013 o terceiro maior número de mortos em acidentes. Mas, numa comparação com as estradas que registram o maior número de acidentes com mortos — a BR-101 ( Rio-Campos e Rio-Paraty) e a BR-116 (Rio-São Paulo) —, a Rio-Juiz de Fora foi a que apresentou o maior aumento de casos entre 2011 e 2013. E não foi pouco. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram 50 mortos em 2011, 69 no ano seguinte e 74 em 2013. — um crescimento de 48% nesse espaço de tempo. Nas duas outras rodovias, os números não oscilaram tanto.

Apesar de registrarem, em números absolutos, mais mortes que a BR-040 (no trecho que corta o Estado do Rio), a BR-101 e a BR-116 tiveram um número de mortes por acidentes estável nesse mesmo período. Na primeira, foram 249 mortes em 2011, 263 no ano seguinte e 262 no ano passado, o que revela um aumento de 5,2% no período. Já na Via Dutra, foram 163 mortos em acidentes em 2011, 142 no ano seguinte e 134 em 2013 — uma queda de 17%.

 

Números preocupantes

 

A BR-040, que teve tráfego intenso nos últimos três dias, devido ao feriadão, também está no topo do ranking dos acidentes em 2013. Entre as dez rodovias analisadas, a via perde, mais uma vez, apenas para a BR-101 e a BR-116, em números absolutos. Pelos dados da Polícia Rodoviária Federal, foram 3.299 acidentes em 125 quilômetros da Rio-Juiz de Fora. A BR-101 teve 5.837 acidentes, seguida pela BR-116 com 5.395 registros.

Usuário da BR-040, especialmente no trecho Rio-Petrópolis, o motorista Alexandre Santos conta que os acidentes são comuns na serra. Ele afirma ter presenciado sete acidentes, três no trecho de subida e outros quatro, na descida.

— É um trecho perigoso. Quase todos os dias tem acidentes — acrescenta.

Na última terça-feira. ao percorrer o trecho da Rio-Petrópolis, uma equipe do GLOBO flagrou motoristas de caminhões em alta velocidade, apesar da chuva e da neblina. Entre os Km 100 e 90, operários trabalhavam no recapeamento da via. Um usuário da rodovia diz que, há 15 dias, uma carreta tombou na pista porque não havia sinalização noturna indicando o trecho de obra. O motorista perdeu a direção após os pneus da carreta deslizarem no desnível da pista.

Em vários trechos da pista há rachaduras no concreto ou remendos no asfalto. Na avaliação do engenheiro e professor da PUC Fernando Mac Dowell, o volume de caminhões e a capacidade de carga aumentaram muito desde que a Rio-Petrópolis foi pavimentada. Segundo ele, a manutenção deveria ser feita com concreto e não massa asfáltica:

— Quando racha, o concreto perde a resistência. Não adianta colocar asfalto, pois o peso dos caminhões faz com que ele ceda, e a água vai continuar minando. Ou seja, aquele concreto continuará rachando pois precisa ser substituído. Colocar asfalto é apenas um paliativo.

A Concer, concessionária que administra a BR-040, começou no ano passado a construção da nova pista de subida no trecho Rio-Petrópolis. As obras estão divididas em cinco lotes e preveem a construção de uma pista com cerca de 20 quilômetros em substituição ao atual trecho de subida. Serão 15 quilômetros de duplicação da atual pista de descida, e outros cinco quilômetros que vão compor a extensão de um túnel rodoviário. Segundo a concessionária, a nova pista de subida, que deverá ficar pronta em 36 meses, desafogará o antigo trecho e reduzirá o percurso para quem segue do Rio para Juiz de Fora. A Concer acrescentou que há uma proposta de transformar o trecho da atual subida em uma Estrada Parque, com possibilidade de geração de renda e emprego e fomento de atividades ligadas ao turismo.

A concessionária garante ainda que as obras do futuro trecho não interferem na manutenção da atual rodovia. Questionada sobre quais os procedimentos poderiam ser adotados para a redução no número de acidentes, a Concer põe a responsabilidade no usuário. “A avaliação da PRF aponta que a imprudência e a imperícia são as principais causas do elevado número de acidentes registrados nas estradas brasileiras”, disse, em nota.

 

Mais números

 

74 mortes - Foram registradas na BR-040 em 2013, um aumento de 48% em relação a 2011

3.299 acidentes - Ocorreram na Rio-Juiz de Fora no ano passado


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