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  O último capítulo da subida da serra - Gastão Reis

Data: 26/10/2019

 

O último capítulo da subida da serra 

Gastão Reis - Empresário e Economista


No sábado, dia 19 do corrente, de volta da palestra – O legado da herança luso-afro-indígena – que fiz na arborizada Santa Cruz, no Rio de Janeiro, num imponente edifício inaugurado por Dom Pedro II, que foi restaurado após incêndio (mais um!) pela garra dos moradores da região, eu me deparei com um imenso engarrafamento no pedágio da subida da serra. Uma carreta carregada com combustível tinha virado, e interditado o trânsito em função do risco de pegar fogo. Procurei me informar junto aos funcionários da Concer para saber em quanto tempo o tráfego seria retomado. Sentindo a falta de informação confiável, optei por voltar pela serra velha. Sábia decisão quando acordei no dia seguinte e tomei conhecimento que continuava tudo na mesma.

Eu me lembrei de que a nova subida da serra havia despertado esperanças de melhorar em muito os problemas de congestionamento da antiga RioPetrópolis. E assim foi, no início, quando a obra andou. Faltando um trecho relativamente curto para o término, as denúncias de corrupção nos contratos assinados acabaram por levar à paralisação das obras por decisão judicial.

E foi aí que minha veia de economista aflorou, mais uma vez, em relação à novela trágica da malfadada nova subida da serra pelos imensos prejuízos econômico-financeiros causados não só a Petrópolis, mas a todos que por ela trafegam, passageiros e cargas, que seguem em direção a Minas Gerais e a outros estados. E que já ultrapassaram em muito os valores surrupiados.

Ainda me lembro, cerca de oito meses atrás, numa reunião na sede da Firjan no Rio, de uma palestra proferida pelo ministro Ives Gandra Martins Filho, então presidente do TST – Tribunal Superior do Trabalho. Aproveitei a oportunidade para expressar meu desapontamento em relação a decisões de tribunais superiores brasileiros que evidenciavam desconhecimento do modus operandi das leis econômicas. E que acabavam tendo efeitos perversos sobre toda a economia do País. Ele concordou, e chegou a mencionar que o tribunal precisaria de assessores com formação em economia para evitar tais erros.

A mais recente nessa linha sem pé nem cabeça foi a do STF que impediu, como inconstitucional, a redução proporcional de salários e jornada de trabalho de quem trabalha no setor público. Entretanto, não é inconstitucional que quem trabalha no setor privado possa perder o emprego (salário zero) ou aceitar emprego em outra empresa ganhando menos. Entendeu, caro leitor? Nem eu! Além do mais, isso em muito ajudaria municípios, estados e mesmo o governo federal nos cortes de despesa para colocar suas contas em ordem.

O que ocorreu nas obras da serra seguiu o referido modelo de decisões equivocadas pela mesmíssima razão acima apontada. Qualquer economista com boa formação jamais aconselharia a interrupção das obras, o que não impediria a continuação do processo judicial para apurar responsabilidades. Nós que residimos em Petrópolis, e, além disso, sentimos nos bolsos o peso do tempo perdido, inclusive financeiramente, no dia a dia ao longo dos últimos anos.

Resta saber até quando nós, usuários da serra, vamos continuar a ser submetidos a assistir os capítulos dessa péssima novela. Será que teremos que aguardar por capítulos piores que o último em que a insegurança, a incúria, o prejuízo e o desrespeito ao cidadão foram além de qualquer medida para que se tome providências efetivas?

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