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  DOS PLANOS AOS PACOTES

Data: 10/06/2015

 

 

DOS PLANOS AOS PACOTES

Philippe Guédon

 

Toda atividade que interesse um determinado período de nossas vidas requer planejamento. Um casamento, a decisão de formar-se em tal ou qual área, criar uma empresa, adquirir um imóvel, tirar férias, prever a aposentadoria. O que é verdade para uma família é exigência ainda mais severa para uma micro empresa, e crescentemente impositiva à medida em que consideramos portes maiores de sociedades. Nas empresas internacionais ocorre, a cada ano, uma revoada de dirigentes para as suas matrizes, para discussão de seus rascunhos de orçamentos para o ano vindouro e as diversas tendências para os lustres ou décadas seguintes.

No setor público, o planejamento é exceção. Tenho para mim que o fato se deve a mais de um fator, entre os quais destaco o reverso da medalha de ouro da democracia, qual seja a alternância no poder para mandatos de quatro anos. Os mandatários são levados a priorizar a sua ótica pessoal em relação às prioridades do povo que representam, e que detém todo o poder. Não posso deixar de registrar que os fiscais da Lei têm a sua parcela de culpa, pois não se interessam pelo médio e longo prazo, e aponto como principal fator do problema a transformação dos partidos, ao passarem de ferramentas da democracia a serviço do povo a núcleo dominante cultivando as suas próprias conveniências. O povo é visto como manada de eleitores, limitados a votar em quem os partidos selecionarem primeiro.

É terrível verificar que o nosso linguajar mudou, sem que percebêssemos: eis que surgem governança, sustentabilidade, eixos temáticos, agenda positiva, concessões, até malfeitos e, terrível e real sintoma, os planos viraram pacotes. Pacotes: coisas embrulhadas, efêmeras, defendendo o seu conteúdo da  transparência. O planejamento objetiva a continuidade no esforço feito em determinada direção, o pacote traz consigo o conceito da brevidade: “Quer que embrulhe para presente?” indaga o vendedor solícito. A que ponto decaímos, até onde aceitamos a decadência imposta pelos partidos.

Acabamos de ser brindados pela União com a segunda versão do PIL, Plano de Investimentos Logísticos, cuja primeira edição foi elaborada em 2.012, há coisa de dois anos e meio. No lançamento do PIL 2, somos informados que é bem possível que 40% não sejam executados. As manchetes dos jornais demonstram que a esparrela não vingou: o PIL pode ser PIL, mas o “P” é de pacote... E olhem lá.

A nível municipal, as coisas tomam rumo diverso em Petrópolis. Caminhamos para construir a gama completa de planos: Estratégico a 30 anos, Diretor a 10 anos, Plurianual a 4 anos, e LDO/LOA anualmente. Mais os planos setoriais e as leis complementares de que necessitem. A própria noção de planejamento visto no seu conjunto requer o somatório das autoridades e da sociedade: eis porque nascerá o INK, o Instituto Koeler, que nos é tão necessário quanto o ar que respiramos.

O trabalho de nossos dois Poderes e da Sociedade vai dar os seus frutos. O hábito de olhar o conjunto antes de decidir um aspecto é uma revolução do bem a ser legada a nosso recanto de Brasil.

 




 

 

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