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  Dança das cadeiras nos ministérios - Bernardo Filho

Data: 07/07/2019

 

Dança das cadeiras nos ministérios

Bernardo Filho - Advogado e jornalista

Tribuna de Petrópolis, 07/07/2019


No governo Dilma tivemos a troca de 86 ministros, dos quais, na esmagadora maioria, ninguém lembra mais os nomes. Vivíamos a era do chamado presidencialismo de coalizão, quando se trocava de ministros, como se troca de camisa em busca de apoios partidários e votos. Apesar disso, e talvez por conta disso, Dilma nunca teve uma base sólida e confiável (se é que se pode confiar em congressistas, que também mudam de opinião na mesma velocidade de suas conveniências).

Bolsonaro termina seu primeiro semestre de governo, tendo trocado 3 nomes, Gustavo Bebiano, Ricardo Vélez e Carlos Alberto Santos Cruz, que por desalinhamento ou inadaptação ao cargo, tiveram que ser substituídos; e, em breve, também serão esquecidos. O que a imprensa chamou de crise palaciana é uma percepção equivocada da gestão, cujos ajustes de início de governo são esperados e necessários.

Nada me surpreenderia, se mais dois nomes vierem a ser substituídos em breve: Ônix Lorenzoni (Casa Civil) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo).

Neste ponto, alguns poderão até ficar surpresos: por que o deputado Ônix Lorenzoni, se este pitoresco ministro, que logo no início do governo, deu a Bolsonaro sua maior vitória política: a eleição de Davi Alcolumbre na presidência do Senado contra Renan Calheiros? Respondo: desgaste na função. A resposta pode parecer simples, mas a Casa Civil é complexa e demanda um político com mais diálogo com o Congresso e experiência para conduzir o fortalecimento do entendimento entre Executivo e Legislativo, o que está faltando ao ministro hoje, por demais envolvido em questões menores, relegando a segundo plano a articulação.

Bom que se diga também, que a “fritura em óleo morno”, que sofre Lorenzoni, começou há cerca de duas semanas, quando foi retirada totalmente a articulação política da Casa Civil, passando-a para a Secretaria de Governo, na pessoa do general Luiz Eduardo Ramos. A pergunta é simples: até quando Lorenzoni, conhecido por ser um bom engulidor de sapos, vai se aguentar na cadeira antes de pedir para sair ou ser saído?

Quanto ao ministro Marcelo Antônio, é bem possível que rode em breve, com a prisão de assessores próximos a ele, envolvidos em fraudes eleitorais, que colocam o ministro em uma posição constrangedora e não condizente com o cargo, já que está sendo investigado por patrocinar candidaturas de fachada em seu estado. A somar-se a isto, o desempenho deste ministro é avaliado como um dos mais fracos dentro do governo.

Mesmo que não seja defenestrado pelos fatos investigados, o será por inapetência na função. Sua imensa quantidade de votos não será suficiente para mantê-lo.

Fica a lição: independentemente do quanto uma pessoa pensa ser ou estar forte, ela se tornará fraca, frente a novas circunstâncias.

PS: Quando o PSL vai entender que é base e que tem que agir como base? Está faltando bom senso e equilíbrio.




 

 

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