UM SONHO DE CÂMARA
Data: 02/11/2015
UM SONHO DE CÂMARA
Philippe Guédon
Petrópolis, que assombram tenebrosas perspectivas financeiras, optou – por atos e omissões – substituir planejamento participativo alcançando o médio e longo prazo por arrancos improvisados e pontuais. Resta ao povo, alijado das decisões, o direito de sonhar. E percebo que pouco temos sonhado sobre o nosso Legislativo.
A Câmara de meus sonhos seria composta por vinte e um vereadores, cujas candidaturas seriam propostas por partidos e por segmentos independentes de filiação partidária, integrados por número de apoiadores não menor do que a representação municipal do partido que contasse menos filiados aqui, para não ferir o princípio da igualdade. Pois os vereadores devem representar o povo local e não um intermediário, como hoje ocorre; como todos os eleitores são iguais perante a Lei, é um absurdo privilegiarmos aqueles que são filiados a um partido; únicos que podem participar da seleção e da “nominata”. Dividiram os eleitores entre uma 1ª classe (10%) e uma 2ª classe (90%); tenham dó! Gozado que as Cortes não se tenham revoltado contra o que me aparece como baita inconstitucionalidade.
O custo do Legislativo poderia baixar cerca de 80%, liberando recursos para o bem-comum e aprimorando a sua eficácia. O episódio da prorrogação do contrato da Cia. Águas do Imperador não me deixa mentir. A caríssima máquina atual nada viu, nem fez após ser alertada. Se a Câmara fosse composta por vereadores indicados pelo povo de Petrópolis e não só pelo atual cartel de partidos, o fim da “reserva de mercado” implicaria na candidatura de muitas pessoas que se recusam à prévia filiação em organizações pelas quais não nutrem respeito, como condição para poder servir o Município. A remuneração de cada vereador poderia despencar do atual nível sem lógica para uma ajuda de custos que se situasse entre 700 e mil reais, a fim que ninguém se considerasse impedido por não poder custear terno, gravata e camisas, taxi para voltar para casa tarde à noite e outras despesas inevitáveis. Assessorias de gabinetes? Nenhuma. O corpo técnico da Câmara (e a população) estaria ao dispor dos vereadores, com uma eficiência muito maior e um custo muito menor. Se, a cada quadriênio, nossa Câmara já redirecionasse para a saúde, a educação, os transportes, habitação e serviços sociais algo como 80 milhões de reais, já seria uma baita ajuda.
Implodido o cartel partidário que se reserva o direito exclusivo de indicar candidatos – por que, por favor? – o patamar ético das preocupações daria um imenso salto é frente. A direção dos partidos no DF, teria que levar em conta a sadia concorrência dos independentes eleitos por Petrópolis, para Petrópolis e com Petrópolis. Os “P” isto e aquilo botariam as barbas de molho ao serem desafiados a cada eleição.
Ser vereador voltaria a ser uma honra, não um degrau de uma carreira política. As pessoas abririam mão de parte de seu tempo para servir a sua comunidade, e depois voltariam ao exercício de sua profissão.
Este sonho pode virar realidade? Eu conheço quem já esteja saindo de seus cuidados por esta bela causa. Que requer partidos, não monopólios.