Com o objetivo de chamar a atenção da população e dos governos para a necessidade de planejamento das cidades, a Organização das Nações Unidas (ONU) comemorou no dia 31 de outubro o Dia Mundial das Cidades. Com as áreas urbanizadas crescendo tanto em tamanho como em população, uma transição bem planejada e uma melhor gestão do meio ambiente são necessárias para não arriscar exacerbar as tendências negativas desses espaços populacionais.
O coordenador do Instituto Civis, Mauro Correa, disse que este problema os grandes centros urbanos já enfrentam com a ocupação desordenada e a degradação ambiental. As manifestações recentes de empresários do setor de hotelaria e moradores dos distritos têm como preocupação a ocupação de áreas onde antes havia mata ou casas de veraneio e estão se transformando em condomínios, aumentando o número de pessoas nos próximos anos nos distritos que vão consumir água, energia elétrica e causar impacto na mobilidade e na utilização de serviços como internet e telefonia.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante as comemorações pela Dia Mundial das Cidades, lembrou que o futuro da humanidade será urbano. “Devemos encontrar a solução correta para a urbanização, o que significa diminuir a redução das emissões de gases de efeito estufa, melhorar a resiliência e garantir serviços básicos como água e saneamento, bem como designar espaços públicos e ruas seguras para todos compartilharem”, disse Ban.
O vereador Luiz Antonio Pereira Aguiar (Luizinho Sorriso/PROS), membro da Comissão de Planejamento, Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo, Política Agrícola, Política Urbanística e Habitação, disse que esta é a preocupação dos moradores dos distritos, pois com o crescimento da população a mobilidade será prejudicada, além dos serviços essenciais como água e saneamento básico. Atualmente, segundo vereadores dos distritos, os moradores da região de Itaipava até a Posse já enfrentam graves dificuldades com o trânsito e muitos apontam a perda da qualidade de vida.
O vereador Luizinho lembra que o primeiro distrito, por falta de uma política de ocupação, sofreu nos últimos 50 anos um crescimento desordenado, prejudicando a qualidade de vida. “Temos muitos problemas no primeiro distrito e o crescimento da cidade seria naturalmente para os distritos, mas com a entrada de grandes investimentos de fora para a região é preciso realizar com urgência um projeto urbanístico para estas áreas, que leve em conta a ocupação e os serviços essenciais, como água e luz, priorizando a população petropolitana, mas sem causar danos econômicos aos empresários da região”.
Em audiências públicas realizadas na Câmara Municipal sobre serviços de energia elétrica, telefonia e internet, promovidas pelo presidente da Comissão de Serviços Públicos, vereador Reinaldo Meirelles (PTB), e pelo vereador Luizinho Sorriso, foi discutida a capacidade das empresas em atender Petrópolis. Numa destas reuniões, o vereador Mauro Henrique Robeiro de Oliveira (Maurinho Branco/SDD) cobrou mais investimento da concessionária de energia elétrica e ficou constatada a necessidade de aumentar a capacidade energética que chega à cidade.
O Programa da ONU para os Assentamentos Humanos (UN-Habitar) estima que 5 bilhões de pessoas viverão em cidades até 2030, adicionando uma pressão enorme às questões de moradia, serviços, saúde e trabalho. Além disso, mais de 60% da população urbana terá menos de 18 anos, o que gerará uma demanda forte por serviços de educação. No Brasil, além deste dado, há ainda a perspectiva do aumento da população de idosos, o que vai comprometer os serviços básicos de atendimento a esta população. “Se não houver planejamento e políticas públicas, os governos terão muitas dificuldades em atender a população jovem e idosa”, afirmou a presidente da Comissão de Defesa dos Idosos, vereadora Gilda Beatriz (PMDB).
Com o tema “Liderando Transformações Urbanas”, o Dia Mundial das Cidades pretende chamar a atenção para a enxurrada de desafios que afetarão os espaços urbanos e suas populações, mas enfatizando, principalmente, no “empoderamento das pessoas para contribuir com soluções criativas que possam melhorar nosso futuro urbano partilhado”. Para o diretor-executivo do ONU-Habitat, Joan Clos, o Dia Mundial da Cidade tem o importante papel de lembrar a sociedade sobre como as cidades podem exercer uma função importante na diminuição da segregação, desigualdade e degradação do meio ambiente. Para essas transformações positivas ocorrerem, é preciso um bom planejamento e melhor gestão dos meios urbanos, promovendo a otimização dos espaços e evitando o crescimento desordenado das áreas urbanas. “Uma cidade bem planejada pode prover serviços ao cidadão de forma mais eficiente e econômica que cidades dispersas”, disse o chefe do ONU-Habitat.
Rogério Tosta
Redação Tribuna