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  Os jovens e o futuro - José Aafonso B. de Guedes Vaz

Data: 23/10/2019

 

Os jovens e o futuro

José Aafonso B. de Guedes Vaz - Escritor


Colhemos aprendizados e na condição de pais e avós relutamos, por vezes, a nos adaptar à realidade em razão de épocas já vividas, bem distintas do modelo atual.

Filhos, à época pequenos - que maravilha! Preocupações muitas, mas bem diversas daquelas quando os filhotes crescem, escolhem suas profissões e seguem cada qual os seus caminhos.

E dentre as lições que recebemos: “os filhos não os criamos para nós e sim para o mundo”.

A ânsia que muitos almejam no sentido de que os mesmos permaneçam por perto, já casados e profissionalmente realizados, muito poucos obtêm êxito no tocante a tal “pretensão”, até porque somente a trajetória da vida de cada um irá demonstrar os passos a serem dados.

Temos conhecimento que muitos pais conseguem alcançar tal intento, ainda que não na mesma cidade, entretanto, perto estão.

Outros, por força de diferentes circunstâncias, já partem para que os estudos sejam realizados no exterior e por lá permaneçem. Pais e filhos só se vêem uma vez por ano, às vezes até por períodos mais longos.

Na condição de avós, tentamos convencer a moçada para que aqui fique radicada, mas na verdade vimos percebendo que nossos argumentos se tornam ineficazes com relação a alcançarmos êxito para tão difíceis tarefas.

As alegações que nos são apresentadas – melhores universidades, países desenvolvidos, além de determinadas ponderações, às vezes irrefutáveis, especialmente no tocante ao momento pelo qual atravessa o país, onde a educação e a cultura foram relegadas a planos inferiores e ainda, a preocupação com o vínculo de trabalho vez que com mais de doze milhões de desempregados, muitos se sentem cobertos de dúvidas. Acrescem, também, vários outros fatores alegados, tais como: a insegurança que grassa pelo país afora, a instabilidade política, a crise econômica, a descrença nas instituições, sem que se faça alusão a tantas outras circunstâncias para as quais não conseguimos respostas que venham a convencer os jovens, certamente menos experientes, mas a par das patifarias a que se viu sujeita nossa pátria.

Mas como a vida lhes pertence, só nos resta o silêncio, não posso negar, tristonho e solitário, porquanto continuamos a crer que o nosso Brasil conseguirá se desprender da situação caótica que vem enfrentando, após tantos escândalos aqui já ocorridos e, em consequência, com muitos delinquentes punidos.

Na realidade, lutamos por ideais contrários, e por isso mesmo, nada a fazer!

Sentimos, entretanto, que aqueles que no âmago de nossa família, no afã de estudarem fora do país em que nasceram, não leram, sem dúvida, a obra de seu bisavô quando sob o título “Brasil” – conclui através de belo soneto:

“... Uma férrea vontade somente: é fazer do Brasil - Pátria em flor, pela força do honesto labor, um país generoso e potente...”

Mas a realidade no que diz respeito ao assunto ora retratado conduz-nos ao entendimento de que a força do “hábito” – modo de pensar – é inegável e quando nos deparamos com inovações com as quais divergimos, na qualidade de pais e avós, “quadrados”, as acolhemos com desconfiança e sem bem compreendê-las.

Por isso mesmo que os jovens devem se admirar e até achar graça no tocante ao nosso modo de encarar o mundo atual, julgando-nos, pelo menos, “caretas”.

Nossa certeza – de não mais podermos continuar a nos esconder atrás de “princípios arcaicos”, restando-nos, tão somente, nos conformar com tais escolhas, mas com o coração partido.

 




 

 

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