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  O PETRÓPOLIS DE 2040 (2) - Philippe Guédon

Data: 30/03/2019

 

O PETRÓPOLIS DE 2040 (2)

Philippe Guédon *

 

            Foi em 2019 que o Povo se libertou do jugo dos “chutes de governo” cometidos pelos candidatos que já se viam como capitães-mores. O Povo constatou a usurpação de competências, pois a Carta Magna de 1988 o via como fonte de todos os poderes, a serem exercidos por representantes eleitos; ainda não os havendo para 2021 e adiante, só o Povo tinha direito à voz e voto sobre o período. Cartesiano.

Planejar tornou-se a grande descoberta popular; era tão bom quanto Fla-Flu ou tuíte! Os projetos teriam continuidade por serem do Povo perene e não do mandatário da hora. Sim, havia que respeitar balizas incontornáveis: a arrecadação possível, a sua repartição entre as unidades orçamentárias peneiradas, e o saldo indispensável para investimentos (10%?). Plano sem verbas não servia para nada, caso dos chutes dos candidatos. Havia que cuidar de 306 mil almas, crescendo à razão de 0,8% ao ano, sejam mais 10.000 no quadriênio. Planejar não era mais teoria, mas passaporte para o futuro; candidatos que se recusassem a ouvir a vox populi, ficariam à míngua de votos, como convém em democracia; tanto mais certo que todos haviam sido convidados a participar dos trabalhos, como Cidadãos/ãs. Curioso: alguns nunca apareceram. Podia, isso?

            Um debate viralizou, que passara despercebido nos Anos Perdidos: deveria o plano priorizar o turbilhão dos avanços tecnológicos, a varrer costumes e profissões ou adotar modelo mais conservador para Petrópolis? A sabedoria do Povo matou a charada: era por igual impossível ignorar o progresso quanto esquecer os ramos da economia que mais dependem de qualidade do que de modernidade. O turismo, a arte da acolhida e hospedagem, os ofícios tradicionais eram parte essencial da economia, atendiam vocações diferentes e asseguravam um fator de permanência na Economia, contraponto às sucessivas revoluções que a pesquisa propunha. Foi citado, em reunião da época, o estudo “Ofícios da madeira” (Kazinski, 2003, 17 páginas) que lembrava centenas de ramos ligados ao nobre material como carpintaria, marcenaria, ebanisteria, talha, tornearia, tanoaria, luthier, movelaria, manufatura de outros instrumentos, carpintaria naval, montagem de alpendres...Mera gota em rico oceano.

As comportas da participação foram abertas. O jorro das contribuições e vivências, inundou o território, do Centro Histórico aos núcleos rurais (conectados via internet e VLT). Petrópolis, vizinha de megalópole, equilibraria ciências e ofícios, tradição e ousadia, como havia feito a Califórnia dos vinhedos e do Vale do Silício. Turismo de qualidade ou High Tech, escolham rápido? Ambos, respondeu o Povo há 20 anos.

“Planejar então é isto, nos empoderarmos de nosso futuro?” perguntavam as pessoas. Exato, e não mais em termos de ficção, mas de previsão. Lindo foi ver partidos marcando presença ativa nos debates, trazendo contribuições para a obra: verdes, socialistas, outros mais, todos saudados como colegas de trabalho. Norma, uma só: ninguém podia querer ser maior que os demais; daí para frente, se morasse em Petrópolis, era bem-vindo, pois a messe era grande e cada novo operário recebido como irmão/ã. Era nova primavera. (Continuará).

 

 

* Coordenador da Frente Pró Petrópolis - FPP




 

 

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