Paulo Figueiredo
Entrou em seu labirinto e não tem como sair das armadilhas que criou a partir do momento em que chegou ao poder. Teve algum charme, quando acenava com propostas de renovação ética na política. Com o tempo, sepultou bandeiras inaugurais e nivelou-se com o que há de pior no país. Insiste em defender o indefensável, na inglória tentativa de colocar vendas sobre os olhos da Nação, diante de escândalos que alcançam o coração do partido.
Encontra-se agora encarcerado com seu tesoureiro-geral, o defunteiro João Vaccari Neto. Na época do Mensalão, com Delúbio Soares, o tesoureiro anterior, as relações foram diferentes. Delúbio foi defenestrado da secretaria de finanças e expulso do PT, enquanto Vaccari foi mantido no cargo até ser preso por decreto de Sérgio Moro.
O roceiro goiano foi execrado e não se ouviu em sua defesa uma única voz no PT. Com os anos, Delúbio foi readmitido no partido e hoje atua na sombra, distante de qualquer holofote. Com o sindicalista Vaccari Neto, ocorreu o contrário. Não foram poucos os petistas que lhe prestaram apoio. Já preso, teve direito a nota de solidariedade da direção nacional da legenda.
O líder do PT na Câmara, o piauiense-acreano Sibá Machado, com a pompa dos néscios, além de ter escoltado Vaccari em sua chegada à CPI da Petrobras, não mediu palavras em favor do dito-cujo. O esquisito Sibá (nem Simbá, o marujo, e muito menos Sabá, apelido que lhe seria natural, pois se chama Sebastião), torna-se conhecido pelas besteiras que diz e repete com frequência. Foi ele quem responsabilizou a CIA pelos movimentos de rua que acontecem no Brasil e caminha a passos céleres para cair no folclore e no anedotário político.
Intriga a distinção que o lulopetismo estabeleceu entre Delúbio e Vaccari. Terá sido pela capacidade arrecadatória de Vaccari, que atingiu patamares impressionantes? Apenas no oficial, em 2007 e 2009, antes de Vaccari, o PT conseguiu amealhar cerca de 9 e 12 milhões, enquanto chegou com Vaccari a algo em torno de 51 e 80 milhões, nos anos de 2011 e 2013. Tudo sem contar com as declarações de Pedro Barusco, que afirmou que o PT embolsou entre 150 a 200 milhões de dólares, por obra e graça de Vaccari Neto e das propinas do assalto na estatal. Ou será pelo temor que o ex-tesoureiro dê com a língua nos dentes e diga o que sabe sobre o que ocorre nos porões da corrupção lulopetista?
Bem, a cada dia uma agonia e a cada passo uma nova estação no invencível labirinto do PT. Como se não bastasse, o governo enfrenta a reprovação unânime do TCU a respeito das chamadas “pedaladas fiscais”, capazes de incriminar Dilma como infratora da Lei de Responsabilidade Fiscal, fato que a sujeita a processo de impeachment. A fim de maquiar as contas públicas, o governo retardou o repasse de 40 bilhões aos bancos públicos, obrigados a suportar os custos dos programas Bolsa Família e outros, vistos como empréstimos vetados pela legislação.
E nesse labirinto da corrupção não há fio de Ariadne capaz de indicar a saída, com o PT perdido em seus intrincados caminhos, próximo de ser derrotado e varrido da vida pública, como experiência trágica para o Brasil e seu povo.
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