Petrópolis, 18 de Abril de 2024.
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  Casas culturais que merecem visitas

Data: 03/12/2013

 

Petrópolis é uma cidade historicamente rica, e talvez por isso abrigue tantos centros culturais e museus. O município conta com 19 espaços relacionados à cultura, entre eles o Museu Imperial e a Casa Santos Dumont – os mais antigos e famosos, inaugurados em 1943. Mas existem diversos outros espaços, que não recebem tantos turistas, mas, ainda assim, não tem a sua importância diminuída. Entre eles destacam-se a Casa Cláudio de Souza, a Casa Stefan Zweig e o Centro Alceu Amoroso Lima. Esses espaços traz o nome de importantes personagens da história de Petrópolis e do Brasil. 

Centro Alceu Amoroso Lima

No Centro Alceu Amoroso Lima, o público se restringe a estudiosos e frequentadores. O centro foi criado pela Sociedade Brasileira de Instrução e tem como objetivo principal preservar o legado do crítico literário Alceu Amoroso Lima. Em 1913, o escritor se formou em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, atual faculdade de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No ano de 1919, ele adotou o pseudônimo Tristão de Ataíde ao se tornar crítico n´O Jornal. Aderiu ainda ao modernismo em 1922, e foi responsável por importantes estudos sobre os principais poetas do movimento.

O educador morreu em Petrópolis no dia 14 de agosto de 1983. Apesar da representatividade de Alceu Amoroso Lima, o centro que mantém viva até hoje características do escritor, contendo peças, livros e acervos importantíssimos da história brasileira, não recebe mais que 4 visitas mensais. "Para que a memória dele não seja esquecida, realizamos cursos, colóquios, e debates que difundam a visão universalista dele sobre os problemas do nosso tempo. Também organizamos e editamos os seus escritos inéditos e obras. Temos um acervo de 18 mil volumes, ricos nas áreas da filosofia, teologia, ciências sociais entre outros. O arquivo abriga cerca de 27 mil documentos do período de 1908 à 1983.", explicou a assessoria da casa.

Entre obras que pertenciam à biblioteca de Alceu Amoroso Lima, estão escritos pessoais. "A parte mais preciosa dos documentos que nós temos, são as correspondências familiares, literárias e religiosas trocadas com personalidades como Jackson de Figueiredo, importante advogado da década de 20, Oswald e Mário de Andrade, grandes nomes do modernismo literário brasileiro, e Franklin Roosevelt 32° presidente dos Estados Unidos. Esses documentos oferecem um extenso material para o estudo da história do nosso país.", explicou a assessoria.

A casa tem entrada gratuita e funciona de segunda à sexta-feira, das 9h30 às 19h, não abrindo nos feriados e fica localizada à Rua Mosela, 289. 

Casa de Stefan Zweig

O mesmo não se repete em espaços como a Casa de Stefan Zweig, que recebe de 10 a 15 pessoas por dia. O local foi inaugurado em julho do ano passado, para eternizar o escritor austríaco que dá nome ao museu. Na ocasião, 150 visitantes compareceram ao evento e, desde então, mais de 2 mil pessoas já passou pela casa. 

A história do museu remete a vida e morte de autor. Foi lá a última morada – como também é conhecida a casa - de Stefan e Lotte, a mulher que esteve com o austríaco até o fim. Era descrita pelo escritor como "... uma casa minúscula, mas com um amplo terraço coberto e uma bela vista". Na época em que Stefan viveu o espaço era constituído por uma sala de estar, dois quartos, cozinha, banheiro e dependências de empregos. 

Um dos escritores mais respeitados do período entre guerras, a casa abriga diversos volumes de suas obras traduzidas em vários idiomas, diários, fotografias, manuscritos inéditos, cartas, desenhos, móveis, objetos pessoais, entre uma infinidade de artigos. Fugido da ascensão nazista em 1941, em sua última versão de Despedida, carta que Stefan deixou em cima da cômoda antes do suicídio, agradece ao país: 

"Antes de deixar a vida, de livre vontade e juízo perfeito, uma última obrigação se me impõe: agradecer do mais íntimo a este maravilhoso país, o Brasil, que propiciou a mim e à minha obra tão boa e hospitaleira guarida. ... A cada dia fui aprendendo a amar mais e mais este país, e em nenhum outro lugar eu poderia ter reconstruído por completo a minha vida ...", começava na carta. O texto pode ser lido, na integra, no quarto em que o casal suicidou-se.

Após a morte do escritor, o jornalista Raul Azevedo propôs, por meio da imprensa, que a casa fosse transformada em museu. O que não aconteceu na época. Já em abril de 1942, o irmão de Lotte, Manfred Altmann, ofereceu às autoridades brasileiras a herança do casal. Mesmo assim, a residência, que era alugada pelo escritor, passou por diversas mãos. Foi tombada pelo Patrimônio Histórico apenas no início dos anos 80, e somente depois de 60 anos a ideia de Azevedo começou a tomar forma, com a aquisição do imóvel por um grupo de admiradores que a denominou Casa Stefaz Zweig (CSZ).

A partir daí R$ 1,2 milhão foi gasto com a reforma do espaço, feita em cima da planta original, que se encontrava na Biblioteca Municipal Gabriela Mistral. Desde que foi inaugurada, a casa tem realizado mostras, filmes, concertos e palestras. "Fazemos duas exposições por ano. No momento está em cartaz Stefan Zweig em o caso Germani, que fala sobre da história do médico italiano, que Zweig salvou do cárcere do fascismo, após escrever uma carta para Mussolini. Já para o ano que vem estamos preparando uma exposição de obras que até hoje nunca foram vistas, do exilado alemão Wilhelm Wöller, grande pintor expressionista.", ressaltou a assessora de imprensa Kristina Michahelles.

No local também funciona Memorial do Exílio, em homenagem a centenas de exilados que vieram para o Brasil entre 1933 e 1945 e deixaram suas marcas em vários campos do conhecimento. Uma nova ferramenta interativa com os nomes de 200 exilados será emprestada em dezembro à Biblioteca Nacional para a mostra Exílio no Brasil e subirá a serra em seguida, podendo ser acessada pelos visitantes da CSZ a partir do mês de março.

Casa Claudio de Souza

Outro estabelecimento que chama atenção é Casa de Claudio de Souza, que é uma subunidade do Museu Imperial. A média mensal de visitação é de 200 pessoas por mês. O local pertencia ao médico, escritor e dramaturgo Cláudio de Souza. Foi doada a União com todos os móveis e objetos em 1956, pela viúva Luíza Leite de Souza. Era a casa de veraneio do casal que tinha residência fixa na cidade do Rio de Janeiro. Em seu testamento, deixou registrado que gostaria que o espaço se tornasse um Centro de Cultura e que levasse o seu nome. A mobília não remanescente da casa é composta por duas estantes com obras do acervo do Cláudio de Souza e 13 obras de sua autoria. São 660 obras dos assuntos de filosofia, história, geografia, medicina e literatura francesa, italiana, espanhola, portuguesa e brasileira. São obras datadas do final do século XIX até meados do século XX.

"Há cerca de dois anos, em julho de 2011, depois de passar por uma restauração, o museu foi aberto à visitação e promoção de eventos. Hoje o espaço é usufruído por turistas e petropolitanos. No segundo andar existe uma exposição de móveis e peças da casa, incluindo escritório, quarto e banheiro do dramaturgo e da esposa. O local tem o objetivo de ser um espaço de cultura e turismo. Nossos eventos são todos gratuitos, e muito diversificados, por isso recebemos um público bem eclético, reunindo pessoas de todas as idades e classes sociais.", contou a assessora Rosane Freitas.

No ano passado, foi lançado um filme com depoimentos de Clarisse Fonseca, que viveu com o escritor. "Ela conviveu com ele quando era criança por que a mãe dela era caseira daqui. No ano passado, por ocasião da comemoração do aniversário do escritor, lançamos um vídeo com a Clarisse intitulado "Cláudio de Souza que eu conheci". O filme consiste em depoimentos dela retratando as suas recordações e falando do importante papel que o escritor teve em sua educação e na sua personalidade, permitindo ao público conhecer o lado humano do escritor. Quando o casal estava na casa ela ficava o tempo todo com eles. Inclusive dormia aqui.", contou Rosane.

A Casa Claudio de Souza está aberta à visitação de terça a sexta-feira, das 11h às 18h. O local não funciona nos feriados, nem nos fins de semana. No mês de julho desse ano, o museu teve recorde de público, recebendo 502 visitantes.

 

 




 

 

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