Aline Rickly
Apesar da expectativa de crescimento do Bingen por causa da obra de nova subida da serra, o comércio do Polo de Modas do local segue a mesma situação que está sendo enfrentada pelos lojistas da rua do Imperador e da Rua Teresa. Na região, o movimento está caindo e, segundo os vendedores das lojas, o mês de abril foi o pior mês de vendas em 2015. O Polo de Modas do Bingen conta com 180 lojas, sendo 130 em funcionamento. Cerca de 50 lojas fecharam as portas entre o fim de dezembro e o início desse ano. Empresários do local atribuem a queda das vendas à crise econômica do país. No Polo, os aluguéis giram em torno de R$ 1.600,00 a R$ 1.800,00. O bairro também conta com um Polo Moveleiro que tem, aproximadamente, 20 lojas.
Responsável por uma loja de roupas localizada no local, Célia Souza destacou que o movimento está muito ruim. Na opinião dela, o mês de abril foi o pior em volume de vendas desde o início do ano. Ainda com o movimento fraco, ela disse que os melhores dias para o polo são quinta-feira e sábado, quando vêm ônibus de sacoleiros e também o público do Rio de Janeiro. “Nesses dois dias ainda temos esperança de vender”, disse. Para ela, além da crise do país, o Polo de Modas de Caxias também prejudicou o comércio em Petrópolis.
Célia trabalha há 12 anos no Bingen e lembrou dos tempos em que as vendas eram muito melhores. "Antes vinham ônibus de vários lugares, como Bahia, Belém e Salvador. Hoje, não temos expectativa para que o movimento volte a ser como era", declarou.
O administrador do Grupo 15, Jairo Garcia, disse que não há procura para as lojas que estão vazias. “Pelo contrário, só há desistência das que estão abertas”, ressaltou. Segundo ele, o movimento de vendas no Polo de Moda caiu cerca de 60%. Ele atribui esse quadro à criação dos feirões no Rio de Janeiro e às fiscalizações do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro) aos ônibus e vans que vinham da capital do estado para a cidade. Na opinião do administrador, é preciso divulgação do poder público para que o comércio possa se reerguer.
Para o Dia das Mães (10 de Maio), segunda melhor data para o comércio – perde apenas para o Natal, a expectativa é grande, mas, de acordo com Jairo, o setor ainda não está registrando aumento no volume de compras por causa da data comemorativa.
A insegurança nacional com relação ao futuro do país é o que está causando a retração das vendas. A opinião é do empresário Paulo Caldara. Aos 58 anos, dedicou duas décadas ao comércio. Atualmente, tem duas lojas no Bingen e afirmou que durante a semana – de terça-feira a sábado – existe um pequeno movimento no Polo de Modas. Mas, comparando com o ano passado ele disse que chegou a registrar queda de 50% nas vendas em alguns meses de 2015.
Responsável por uma loja de roupas no Aldeia Shopping, Adriana Gravina trabalha há 9 anos no setor e disse que esse é o pior de todos com relação às vendas. “Na semana passada o movimento melhorou um pouco, nós temos clientes certos, mas não estamos vendendo o que gostaríamos”, disse. Além disso, ela ressaltou que a maior parte dos clientes tem optado pelas compras com o cartão de crédito e cheque.
O clima de insegurança traz dúvidas para os vendedores, como Sueli Fischer, que está no setor há 40 anos e, atualmente, trabalha em uma loja de roupas no Shopping Badia. "Nunca vi uma crise assim. O que vai ser da cidade se continuar desse jeito?", indagou. Ela, que recebe comissão pela venda dos produtos, disse que já está pegando vale para poder pagar as contas. Sobre o dia a dia ela disse: "Está assim! Monótono", destacou, referindo-se à falta de movimento na região.
Catia Badia é uma das sócias do Shopping e comentou que uma das estratégias do local é unir a cultura ao comércio, ou seja, investir em exposições culturais e, até mesmo em shows, para atrair o público para a região. Ela ressaltou também que o comércio de sacoleiras está retomando agora, o que também ajuda a movimentar as vendas. Ao todo, o Shopping Badia tem 45 lojas. Dessas, 8 estão fechadas.
Número de demissões no comércio nos primeiros meses do ano é maior que o de admissões
Um dos efeitos imediatos com o fechamento das lojas é o desemprego. Segundo dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o número de demissões do comércio em Petrópolis, nos três primeiros meses do ano, foi maior que o de admissões. Ao todo, 2.462 pessoas foram demitidas e 2.209 contratadas. Petrópolis conta com 4.937 estabelecimentos e emprega formalmente 18.406 pessoas no setor.